A população rural da região Nordeste da Bahia aguarda com expectativa a retomada das obras do Projeto de Horticultura Irrigada na Bacia de Tucano, iniciado em 2003 e ainda não concluído. A ação visa beneficiar dois mil agricultores familiares em seis municípios – Tucano, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal, Cipó, Cícero Dantas e Banzaê. A idéia é disponibilizar 20 módulos de terra (150 hectares cada) e assentar cem famílias em cada um. A estrutura das unidades inclui poços, adutoras, reservatórios, equipamentos de irrigação, drenos e rede elétrica.

As ações, entretanto, não caminharam da forma esperada e apenas o Módulo I de Tucano teve a sua infra-estrutura de irrigação implantada. Sexta-feira (30), os secretários Edmon Lucas (Integração Regional) e Antônio Carlos Batista Neves (Infra-Estrutura) visitaram a região para anunciar a continuidade do projeto, orçado pela administração passada em mais de R$ 11 milhões, com recursos do Fundo Estadual de Erradicação e Combate à Pobreza (Funcep) e do Banco Mundial (Bird). A previsão inicial era gerar 20 mil empregos e produzir anualmente 35 mil toneladas de hortifrutigranjeiros.

De acordo com a previsão inicial, o projeto devia estar concluído em 2006, o que não ocorreu. Segundo o secretário Edmon Lucas, reuniões serão realizadas com as demais secretarias envolvidas para discutir o projeto e colocá-lo para funcionar, dando a atenção devida à agricultura familiar na região – juntas, as seis cidades beneficiadas ultrapassam a marca de 170 mil habitantes. “Daremos uma resposta em breve, provavelmente dentro de uns quatro meses para a realização da primeira etapa”, disse Edmon Lucas. A não-conclusão do projeto foi comunicada aos secretários pelo prefeito de Tucano.

Para que as ações tenham o devido andamento, o projeto depende também da aprovação, na Assembléia Legislativa, da cessão do uso do solo a ser trabalhado pelos agricultores. Após a aprovação, os lavradores poderão financiar as unidades de terra junto ao Desenbahia. Segundo o secretário Batista Neves, a Secretaria de Infra-estrutura (Seinfra) deverá dotar a região de uma estrada em condições seguras para escoar a produção. “O projeto vai alavancar o desenvolvimento nas cidades pelo volume da produção que vai gerar. Afinal, estamos em cima de um lençol freático elevado”, falou.

Os trabalhadores rurais voltaram a ter esperança no projeto. Sem renda fixa, o agricultor Wilson Conceição dos Santos, 47 anos, promete aguardar as novas ações. “Tenho três filhos para criar e, no momento, realizo serviços que aparecem de vez em quando”, diz Wilson. Já o lavrador José Carlos Nascimento Pimentel, 41 anos e pai de dois filhos, espera estar, em breve, trabalhando em seu lote. “Hoje, eu trabalho com artesanato, que é a minha única fonte de renda. Na época de chuva, também faço plantio de sequeiro e mantenho a esperança no projeto”, avisa.