A Bahia já é considerada referência no projeto de produção do bijupirá em cativeiro, desenvolvido pela Secretaria Especial da Aqüicultura e Pesca (Seap), do governo federal, com o objetivo de difundir a atividade no país. O laboratório instalado na Fazenda Oruabo, da Bahia Pesca, em Santo Amaro da Purificação, a 71 quilômetros de Salvador, já começou a produzir os alevinos, que serão transferidos para a unidade demonstrativa instalada na Baía de Todos os Santos.

O projeto baiano, realizado em parceria com o governo estadual, tem cunho social, buscando criar uma nova oportunidade de geração de renda não apenas para empresários, como no caso paulista, mas principalmente para as cooperativas de pescadores. Além do estado, apenas São Paulo iniciou a atividade, mas em caráter privado.

Segundo o ministro da Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin, o projeto na Bahia gera mais perspectivas para o governo federal “por ter o propósito de fomentar e desenvolver a atividade, dominando a tecnologia de reprodução da espécie”.

Gregolin e o governador Jaques Wagner estiveram hoje (30) na fazenda experimental, no município de Santo Amaro da Purificação. Foram aplicados na Bahia cerca de R$ 1 milhão para implantação e manutenção do projeto até 2008. Tanto o laboratório da fazenda experimental, quanto a unidade demonstrativa da Baía de Todos os Santos vão dar suporte técnico para auxiliar os pescadores a montar seus próprios tanques-redes e iniciar a produção do bijupirá.

Na visita, Gregolin e Wagner verificaram a produção dos alevinos em diversos estágios. A unidade também surpreendeu as expectativas, produzindo as matrizes, antes previstas para serem adquiridas. O bijupirá foi escolhido para o projeto pelo potencial econômico por conta do rápido crescimento, boa conversão alimentar, adaptação à alimentação artificial e rusticidade.

“Queremos que no futuro o bijupirá represente para o Brasil o que o salmão é hoje para Chile”, ressaltou Gregolin, destacando o pioneirismo do projeto baiano que pode levar o estado a se tornar o primeiro grande pólo de piscicultura marinha no país. No Chile, a produção de salmão em cativeiro, que começou sem maiores perspectivas, hoje é uma das principais atividades do setor de aqüicultura e pesca daquele país. Em Taiwan, onde o cultivo do bijupirá já é popular, a economia pesqueira deu um salto significativo após o início da produção em cativeiro.

Novo vetor

Segundo Wagner, o projeto federal casa perfeitamente com a proposta estadual de investir em novas vocações econômicas, priorizando as comunidades de baixa renda ou lançando novos vetores econômicos que gerem empregos. “É uma atividade que promete muito por ser um peixe muito bem visto dentro e fora do país, e a Bahia, através da Bahia Pesca, poderá auxiliar empresários e associações de pescadores a gerar renda com a atividade”, disse o governador. Ele e o ministro até  experimentaram o bijupirá produzido na Fazenda Oruabo, da Bahia Pesca.     

A qualidade dos alevinos do projeto baiano, que estão agora na fase de engorda, já atraiu interessados no Espírito Santo, Mato Groso e até mesmo de São Paulo, além de outros países, como Estados Unidos e Espanha. Fora do país, o bijupirá tem grande potencial de comercialização, sendo conhecido como príncipe do mar, por conta da qualidade do sabor e da carne alva.

O bijupirá tem outra grande vantagem competitiva: pode alcançar oito quilos em apenas um ano em cativeiro, sendo muito comercializado no mercado externo. Os produtores de pequeno e médio porte interessados em iniciar a produção contarão não apenas com as orientações técnicas, mas já poderão adquirir os alevinos para se lançarem na aqüicultura.

Há ainda outro aspecto social do projeto ao dar condições ao pescador de preservar a atividade econômica, já que a pesca normal está diminuindo, com muitas espécies entrando em processo de extinção. “A idéia é fazer com que o pescador que já não conta com tantos recursos naturais possa viver do mesmo produto e no mesmo lugar”, ressaltou o biólogo Gitonilson Tosta, coordenador do projeto na Bahiapesca.