O secretário estadual da Educação, Adeum Sauer, recebeu sexta-feira (2) lideranças e estudantes indígenas dos povos Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe, residentes no Sul do estado. Durante o encontro, foram apresentadas as necessidades educacionais mais emergentes na região, incluindo a implantação do ensino médio, a continuação do programa de formação de magistério indígena e o apoio à permanência de índios universitários que estudam na capital.

Com a presença da secretária de educação do município de Santa Cruz Cabrália, Luzia Santana, ficou definido que, pela primeira vez, o ensino médio será implantado em Coroa Vermelha, a maior aldeia urbana da Bahia. Com o atendimento inicial de 80 estudantes, as turmas funcionarão como um anexo da Escola Estadual Frei Henrique, utilizando um espaço cedido pelo município na Escola Indígena Pataxó Coroa Vermelha.

O secretário Adeum Sauer destacou que a solução vem da importância entre estado e município. “Vamos resolver todas as questões de forma conjunta. O cidadão que paga impostos não é federal, estadual ou municipal, é apenas cidadão. Queremos superar cada dificuldade, compartilhando a solução com os municípios”, enfatizou Sauer, que recebeu do cacique Aruã Pataxó, um CD-livro contendo canções da etnia.

Aprovados no sistema de cotas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), sete estudantes universitários indígenas também tiveram suas reivindicações ouvidas e atendidas. O secretário Adeum Sauer providenciou encaminhamentos para atender às necessidades imediatas de hospedagem e alimentação dos universitários e assegurou que, durante este mês, a SEC vai estudar alternativas e parcerias com outras secretarias de estado que possibilitem condições de permanência dos universitários indígenas em Salvador.

Para cursarem a graduação, os indígenas que estudam na Ufba deixaram família e emprego nas aldeias, distantes em até 700 km da capital. “Muitos outros indígenas não se apresentam ao vestibular por verem as dificuldades que a gente passa para concluir o curso aqui”, afirmou Arissana Brás de Souza, estudante Pataxó, que cursa o 5º semestre de Artes Plásticas. Na Bahia, há registro de apenas quatro índios com nível superior completo.

Outra necessidade atendida durante a reunião foi a garantia de continuidade do programa de formação de magistério para os professores índios. Iniciado em 2006, o curso atende 112 professores das 13 etnias presentes no estado e deve ser retomado este ano. Segundo o último censo escolar, existem na Bahia 308 professores índios, que atendem a 6.127 alunos em 57 escolas, sendo 50 unidades da rede municipal e sete da estadual. A maioria das escolas só oferece o ensino fundamental, justamente pela ausência de professores índios com formação adequada.