A economia baiana prevê cenários positivos para 2007, segundo apresentação realizada hoje (02) pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) para  economistas e dirigentes da Desenbahia. Na oportunidade, foram avaliados os comportamentos de três vetores da economia: agropecuária, indústria de transformação e comércio. Entre os indicativos, está a possibilidade de melhoria dos resultados da produção agropecuária, que apresentou, em 2006, queda de 5%. O diretor-geral da SEI, Geraldo Reis, salientou, contudo, a prudência com que devem ser utilizadas e entendidas essas informações, já que são tendências que podem ser alteradas segundo um grande universo de fatores de influência.   

“O patamar que a agropecuária atingiu em 2006 é o mais baixo desde 1995. Observando a tendência de comportamento do setor em 10 anos, quando ele atinge esse nível, em seguida há uma recuperação. Mas é bom frisar que isso depende de um conjunto de fatores entre os quais está o clima, pois a maior parte da produção agrícola da Bahia ainda não é irrigada”, explicou o economista Edmundo Figueirôa, diretor de Indicadores e Estatísticas da SEI. Atualmente as principais regiões de produção que contam com irrigação são o oeste (principalmente soja) e o Médio São Francisco (fruticultura). Em 2006, as sete principais culturas do estado tiveram queda da produção, com exceção da cana-de-açúcar e café.

O comércio, segmento fortemente influenciado pela taxa de juros, rendimento dos trabalhadores, ocupação, oferta de crédito e prazos, também tem indicativos favoráveis. O setor acumulou em 2006 (janeiro a novembro) incremento de 9,50% no volume de vendas. É possível que haja uma continuação do resultado positivo em 2007. Com a redução da taxa de juros (a taxa básica Selic está em 13%), há possibilidade da tomada de empréstimos, estimulando o consumo, “apesar dessa redução ainda não estar refletida na ponta do consumo como deveria. O consumidor ainda paga juros muito altos”, comentou Figueirôa. 

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, até novembro de 2006, as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; móveis e eletrodomésticos  e equipamento e material para escritório, informática e comunicação foram as que mais se expandiram. O primeiro, influenciado pelo aumento do rendimento dos trabalhadores e os demais, pelas facilidades de crédito. Já o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria teve redução de 28,93%, pois vem perdendo espaço para a mídia eletrônica. A possível continuidade de expansão do comércio se reflete também no comportamento da arrecadação do ICMS, que tem no setor seu mais importante pagador. A arrecadação já acumula 8,7%, entre novembro de 2005 e novembro de 2006.

A indústria de transformação, desde 2003, vem apresentando crescimento em cima de crescimento, reflexo da indústria automobilística e da ampliação e instalação de novas plantas de celulose e papel. “No caso das montadoras, o ápice já passou. A produção atingiu o limite máximo de 250 mil veículos/ano. Pode permanecer aí ou cair, mas é difícil que continue alavancando o crescimento, a não ser que surjam novos investimentos ou efeitos satélites – conseqüência em outros setores”, disse o economista da SEI. Segundo ele, a Bahia precisa investir na ampliação das chamadas “indústrias de terceira geração”, a exemplo das que fornecem peças para montadoras. “Deve se estudar como atrair esse tipo de empreendimento”.

Diante dos fatores que influenciaram o desempenho de 2006 e dos fatores condicionantes da demanda agregada discutidos no encontro, houve consenso entre os técnicos de que a Bahia manterá um bom ritmo de crescimento em 2007.