Os produtores de café que se destacaram na produção, exportação e industrialização do produto em nível nacional e estadual foram premiados hoje (05) durante a abertura do 8º Seminário Nacional do Agronegócio Café (Agrocafé), que acontece até quarta-feira (7), no Hotel Pestana. Promovido pela Associação Baiana de Produtores de Café (Assocafé) com o apoio do Governo do Estado, o evento está reunindo cerca de mil produtores, empresários, técnicos e pesquisadores.

Os destaques de produção foram Maria Seixas Avena e Nelson Xavier Jones (local) e Cícero Viegas Cavalcanti (nacional). No quesito exportação foram premiados Sérgio Tristão (local) e a Unicafé (nacional). Os destaques da indústria são Café Bahia (local) e Café Bom Dia (nacional).

Fazem parte também do seminário o 4º Fórum de Cooperativas e Associações de Café e o 3º Encontro Nacional do Café Conillon. Acontece ainda, o Fórum dos Secretários de Agricultura dos Estados Produtores, presidido pelo secretário da Bahia, Geraldo Simões. “Esse encontro é uma oportunidade rara de discutirmos políticas públicas para o setor. Após discutirmos essas idéias poderemos levá-las aos chefes do executivo para que possamos trabalhar juntos”, disse Geraldo Simões, que representou o governador Jaques Wagner no evento.

O representante do ministro da Agricultura, o secretário nacional de produção e agroenergia, Lineu Costa Lima, afirmou que o Brasil deve ampliar a sua produtividade. “Os investimentos em pesquisa cresceram cinco vezes nos últimos anos, atingimos uma boa qualidade e agora devemos nos preocupar com a produtividade por área”, afirmou.

A Bahia ocupa hoje o quarto lugar no ranking nacional de produção de café. A expectativa é que na safra 2006/2007 sejam colhidas 2,25 milhões de sacas, sendo 1,7 milhão do tipo arábica. O chefe de Pesquisa e Desenvolvimento de Café da Embrapa, Roberto Passarinho, citou as recentes premiações de café baiano em concursos nacionais que medem a qualidade do produto. “A Bahia tem se destacado no cenário nacional pela qualidade do café produzido aqui, principalmente os cultivados nos municípios de Vitória da Conquista, Barra do Choça, Ibicoara e Piatã”, afirmou o pesquisador.

 O estado conquistou o primeiro lugar no 3º Concurso Nacional de Qualidade do Café – categoria Melhor Café de Qualidade –, promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). O café premiado é produzido por Nelson Xavier Jones e Michael Freitas Alcântara na Fazenda Divino Espírito Santo, no município de Piatã, na Chapada Diamantina.

A adoção de novas tecnologias e o fortalecimento da produção através de associações e cooperativas foram fatores importantes na conquista da primeira colocação da Bahia. Os premiados fazem parte do Programa Café, desenvolvido pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), através da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), que vem incentivando os produtores do Estado, e em particular os pequenos produtores familiares da Chapada Diamantina, a adotarem novas tecnologias para alcançar a competitividade necessária e mercados mais promissores.

A Bahia alcançou ainda o quinto lugar entre os dez melhores cafés, na categoria cafés naturais, com a fazenda Brejos do Aguiar, do produtor José Carvalho Soares, situada no município de Ibicoara. O concurso aconteceu em dezembro, durante a realização do 14º Encontro da Indústria Brasileira de Café (Encafé), em Guarapari, no litoral do Espírito Santo. Os resultados proporcionaram a venda de uma parte do lote, arrematado através de leilão, ao preço de R$ 4.430 a saca, pelo consórcio formado por três indústrias de processamento que estarão compondo a 3ª Edição dos Cafés Especiais do Brasil.

Os cafés premiados adquirem preços especiais. Enquanto uma saca está sendo negociada hoje por algo em torno de R$ 250, um produtor que teve seu produto premiado no concurso da Abic, pode vendê-lo por mais de R$ 3 mil. “Nosso objetivo principal é melhorar, como temos melhorado, a qualidade do nosso café. Queremos ampliar a área plantada e a produtividade, mas a intenção maior é de tornar nosso produto conhecido pela sua qualidade”, confirmou o secretário.

O presidente da Assocafé, Silvio Leite, ressaltou, na abertura do evento, a grande evolução do setor cafeeiro na Bahia. “Em 2000, a Bahia exportou cerca de 42 mil sacas pelos portos do estado. Já no ano passado este número ultrapassou a marca de 350 mil sacas. Apesar da Bahia não ser o maior produtor brasileiro, é uma boa anfitriã e representante da cafeicultura moderna, de qualidade e de eficiência”, afirmou. O presidente da Assocafé aproveitou ainda para anunciar a data da nona edição do Agrocafé, que acontecerá de 03 a 05 de março de 2008.

O Brasil é o maior produtor mundial de café, respondendo por 40% da produção. O país é o segundo maior consumidor do planeta, perdendo apenas para os Estados Unidos. A atividade gera na Bahia mais de 250 mil empregos diretos e é responsável por 4% das exportações no setor de agronegócio do estado.

A Bahia tem três pólos de produção de café: o Cerrado, o Planalto e o Atlântico. Tanto Cerrado como Planalto produzem o café arábica, reconhecido como uma bebida fina, aromática, ideal para os chamados cafés gourmets ou especiais, muito apreciados em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos. A região do Atlântico produz o café conillon, ou robusta, utilizado para formar os blends que compõem as diferentes marcas de café.

Nas três regiões, o maior crescimento ocorre no Cerrado, que cresce anualmente em torno de 20% e onde a produção se destaca pelo alto nível de tecnologia empregada. Na área do Atlântico (conillon) o crescimento é menor, 10%. Na região do Planalto, não há a expectativa de crescimento, mas de aplicação maior de tecnologia para aumentar a produtividade.

Nas duas regiões de Arábica, há uma forte tendência para a produção do café “despolpado”, que passa por um processo de fermentação, e também de “cereja descascado”. A tendência é aumentar a produção visando a melhor remuneração do produtor, uma vez que existe uma diferença variante de 20% a 30% no preço, quando comparados ao café comum (com casca).   

Barra do Choça presente

Maior produtor individual de café do Norte e Nordeste do país, Barra do Choça, localizado no Planalto da Conquista, é um dos participantes do Agrocafé. O município produz anualmente cerca de 350 mil sacas de café, plantados numa área de 20 mil hectares.

Segundo o secretário de Agricultura do município, Ubirajara Santos Amorim, do total de 1,5 mil cafeicultores do município, cerca de 60% são agricultores familiares. “Nossa meta é aproveitar o evento levar a maior quantidade possível de informação para o agricultor familiar melhore sua produção e a comercialização dos seus produtos”. Além de café, o município também de destaca pela produção de mel, flores, frutas e pimenta, entre outros produtos.