Dar o primeiro passo para a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento para o Recôncavo e Baía de Todos os Santos, a partir da execução de ações integradas por parte do Governo e com a colaboração de estudiosos. Este foi o principal objetivo do Ciclo de Debates sobre o Recôncavo, realizado ontem (22), no auditório da Secretaria do Planejamento do Estado (Seplan).

A iniciativa, promovida pela Superintendência de Planejamento Estratégico (SPE) da Seplan, reuniu dirigentes e técnicos do setor público, além dos estudiosos e especialistas no assunto, como o diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, o historiador Ubiratan Castro, o doutor em Economia e professor universitário Fernando Pedrão, a socióloga Maria Brandão, e o doutor em Geografia e professor universitário Cristóvão Brito.

Segundo o diretor de Política Regional da SPE da Seplan, Benito Juncal, o trabalho que está sendo desenvolvido em prol do Recôncavo e Baía de Todos os Santos será estendido a todos os 26 territórios de identidade – base geográfica utilizada pelo governo para a execução de políticas públicas, programas e ações. “Estamos buscando a contribuição da academia para melhor aplicar as políticas públicas, pensando a Bahia territorialmente”, diz Benito.

Pólo açucareiro

Para o diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, o Governo do Estado não pode deixar de considerar a diversidade sociocultural e territorial tão forte no estado. “É preciso destacar a importância histórica da Baía de Todos os Santos como o primeiro sistema sociocultural e econômico integrado construído na expansão do capitalismo”, diz, referindo-se, entre outros aspectos, à eficiência e ao baixo custo do sistema de transporte utilizado na época, com embarcações à vela, no auge da produção açucareira.

A Baía de Todos os Santos, conforme o historiador, era o exemplo de um território que permitia a reprodução, em microescala, de todas as vantagens de um sistema integrado de produção. “As cidades do recôncavo se especializaram na produção de alimentos, a exemplo da farinha de Nazaré, e Salvador era a ponta compradora de tudo o que se produzia no fundo da Baía”, comenta Castro.  A socióloga Maria Brandão disse que ainda há muito o que se conhecer sobre o Recôncavo e o impacto causado pelas intervenções governamentais na região.

A implantação da Universidade do Recôncavo, com atividades multicampi, foi citada na rodada de discussões como um possível ponto de partida para a retomada do desenvolvimento da região, a exemplo do que ocorreu em outras cidades brasileiras como Viçosa e Ouro Preto, em Minas Gerais.