A exemplo do que já foi realizado em São Paulo e Brasília, o Ministério da Saúde (MS) realizou em Salvador, o segundo exercício de simulação de um caso de gripe aviária, com apoio e acompanhamento da Superintendência de Vigilância e de Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde (Sesab), além de outras instituições, como as coordenações de portos e aeroportos. No simulado o paciente, um ator, foi levado ao Hospital Otávio Mangabeira (HOM), onde a “”suspeita”” foi descartada.

Ao chegar em Salvador, em torno das 12h30 da quinta-feira (21), o ator, de acordo com roteiro pré-estabelecido, simulou quadro clínico típico de doença respiratória aguda, relatando contato com aves, já que ele seria comerciante de rações avícolas. Diante da simulação, funcionários da segurança inicialmente o identificaram no aeroporto, em área restrita. Dada à gravidade da situação, ele foi transferido para o serviço médico do Aeroporto, como preconizado.

Durante o atendimento, o serviço médico, após a informação da procedência do caso (China) e da exposição do “”paciente”” a áreas de produção avícola, acionou a Vigilância Sanitária, que, por sua vez, informou ao paciente que, de acordo com seu quadro clínico e com o plano de contingência, ele precisaria ser transportado para o hospital de referência para este tipo de agravo, o Hospital Otávio Mangabeira. Enquanto ocorreu o transporte pelo Samu, os serviços de Vigilância Epidemiológica de estado e do município, o laboratório de referência e especialmente o hospital foram avisados e o fluxo de informações se deu de  maneira adequada.

No hospital, os procedimentos de isolamento da emergência foram devidamente feitos e o paciente foi atendido em área isolada, estando os profissionais devidamente paramentados. Amostras clínicas foram colhidas e enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública, que contatou o laboratório de referência nacional da Fundação Oswaldo Cruz, e toda a estrutura do hospital foi montada para a disponibilizar suporte de vida avançado, caso o paciente precisasse.

O exercício é feito pelo MS para avaliar a preparação do país na hipótese do surgimento de casos da doença, e, também, na hipótese de uma pandemia de gripe. A avaliação da equipe técnica do ministério foi de que o simulado foi um grande sucesso e de que as expectativas foram atendidas, frente ao que vêm se planejando na área de saúde (equipe médica do aeroporto, vigilância sanitária, epidemiológica, hospitalar e laboratorial) para o enfrentamento de uma possível pandemia na área da saúde. A Bahia foi escolhida pela qualidade do trabalho que vem sendo efetuado pelas equipes de Vigilância e Proteção da Saúde.

Ação conjunta

O Plano Nacional de Contingência de Preparação para a Pandemia de Influenza (gripe aviária ou possível pandemia de gripe humana, ambas causadas por variações do vírus influenza) foi organizado por diversos setores do governo federal e aplicado pelo Ministério da Saúde, com a colaboração de outros ministérios, estimulando os governos estaduais a também se engajarem e se capacitarem, por meio das equipes de vigilância sanitária e epidemiológica, a agirem prontamente caso ocorra um surto ou caso isolado da doença. No Brasil, não há registros de casos de gripe aviária.

Vários fatores são avaliados durante a simulação, como o fluxo de informação, rapidez de deslocamento do provável portador do vírus, busca das pessoas que tiveram contato com o portador e orientações dadas a essas pessoas, procedimentos de segurança dentro do hospital – mais a adoção de medidas de proteção individual e coletiva, formulação de hipóteses para o diagnóstico, orientações para coleta de amostras clínicas e cuidados na sua remessa para o laboratório, e fontes de consulta para esclarecimento de dúvidas técnicas.

 No caso de Salvador, a simulação começou com a chegada de um paciente com sintomas de gripe aviária. A “”suspeita”” foi reforçada porque o “”paciente””, funcionário de uma empresa de agronegócio com foco em criação de aves, esteve em viagem pela Ásia e, lá, visitou uma fazenda de criação de galinhas. A vinculação com essas localidades – os primeiros focos da doença surgiram no continente asiático – é que determinou o grau de suspeita. O “”paciente””, viajante fictício pela Ásia, foi encaminhado para o Hospital Otávio Mangabeira, onde foram “”colhidas”” amostras clínicas e ficou sob observação dentro das normas determinadas pelo MS e Organização Mundial de Saúde (OMS), e seguidas à risca pelos técnicos baianos.

O primeiro simulado de gripe aviária, realizado em São Paulo/Brasília, foi feito testando-se os sistemas de informações entre os diferentes órgãos do governo federal, como salas de emergência dos ministérios da Saúde, da Defesa, da Agricultura e Pecuária, Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional, entre outros. Os simulados são feitos sem que os envolvidos na assistência saibam antecipadamente do que se trata, com raras exceções, sob controle do MS.

 Nesta segunda versão, a fim de dar mais consistência à situação, o simulado visou analisar todas as instituições da área de saúde e de portos e aeroportos, para avaliar a capacidade de detecção e prontidão para suspeição de um caso humano de gripe pandêmica.