As atividades de transplantes na Bahia serão ampliadas a partir de parcerias com as universidades. Esta é a intenção do secretário de Saúde do Estado, Jorge Solla, revelada hoje (30), em visita às instalações da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba). Na ocasião, ele disse também que pretende aumentar o número de hemocentros e unidades transfusionais, além de investir no aumento da coleta.

 “Queremos melhorar a coleta e a qualidade dos serviços”, afirmou Solla, que esteve na Fundação Hemoba, acompanhado do presidente da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), João Paulo Baccara, do diretor-executivo, Luis Amorim, e do gerente da empresa, Dario Pinto.

A Hemobrás, empresa pública que está sendo implantada em Pernambuco, deverá entrar em operação plena até 2010, atuando na fabricação de hemoderivados produzidos a partir do fracionamento do plasma. Atualmente, o Brasil gasta em torno de US$ 300 milhões/ano com a importação de hemoderivados.

Durante dois dias – hoje (30) e amanhã (31) –, os técnicos da Hemobrás reúnem-se com a direção e profissionais da Hemoba, a fim de detalhar informações sobre o processo de implantação e o trabalho a ser desenvolvido pela empresa. Segundo Baccara, a fundação baiana possui instalações, técnicos e equipamentos excelentes.

Segundo ele, com a política de ampliação das coletas e a descentralização dos serviços anunciada pelo secretário Jorge Solla, a instituição deverá se firmar cada vez mais no setor e na parceria com a Hemobrás.

O presidente da Hemobrás explicou que a visita dos técnicos da empresa aos hemocentros do país, incluindo a Hemoba, tem como principal proposta garantir o apoio técnico necessário para que trabalhem pela qualidade do sangue, especialmente no que se refere ao fracionamento do plasma para o processo industrial, que requer cuidados bastante específicos.

Baccara revelou ainda que a Hemobrás já vem atuando em parceria com o Ministério da Saúde e que, além da fabricação de hemoderivados, a partir de 2010, tem outros projetos já em andamento na área de pesquisas e desenvolvimento de produtos e insumos na área da hematologia e hemoterapia.

Já no próximo ano, conforme Baccara, a Hemobrás produzirá, a partir de uma parceria com a Farmanguinhos, a Universidade Federal do Rio e Janeiro (UFRJ) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, o teste NAT, usado no diagnóstico da hepatite C e do HIV. “O Brasil gasta US$ 75 milhões por ano na importação do teste NAT”, contou Baccara.

O secretário Jorge Solla classificou a implantação da Hemobrás como um “projeto importantíssimo”, acrescentando que “muito mais que uma fábrica pública de hemoderivados, trata-se de um investimento do governo federal na qualificação de toda a hemorrede, na qualidade do diagnóstico e do sangue e hemoderivados”.

Momento especial

Para a diretora da Fundação Hemoba, Ângela Zanette, a unidade passa por um momento muito especial, em que a política de sangue tem sido priorizada, e o secretário da Saúde tem manifestado a vontade de “ajudar a Hemoba”. Também presente ao evento, o presidente da Associação Baiana dos Portadores de Doença Falciforme, Altair Lira, falou sobre a “esperança de dias melhores e de um atendimento cada vez mais qualificado” para os portadores de doenças do sangue.

Criada através de lei federal, de janeiro de 2004, a Hemobrás tem um custo de implantação estimado em US$ 55 milhões. A fábrica deverá fracionar de 400 a 500 mil litros de plasma por ano, produzindo albumina, imunoglobulina, Fator VIII, Fator IX e complexo protombínico. Com isso, o Ministério da Saúde espera reduzir custos e ampliar o acesso a estes produtos. Atualmente, o MS gasta, por ano, cerca de US$ 100 milhões na importação de hemoderivados para atender às demandas do SUS.

O Brasil produz por ano cerca de 100 mil litros de plasma fresco, matéria-prima para a obtenção de todos os hemoderivados, mas não dispõe de capacidade industrial suficiente para produzir os derivados de sangue para suprir as necessidades de consumo, e mais de 90% de derivados do plasma usados em diversas situações médicas são importados. Existem apenas três fábricas em funcionamento no país, sendo duas públicas (em Pernambuco e no Distrito Federal), e uma privada (no Rio Grande do Sul), que fracionam apenas a albumina, e atendem 8,5% das necessidades do país.

A parceria da Hemobrás com os hemocentros do país prevê um aproveitamento do plasma do sangue coletado nos estados. “A Bahia passará a contribuir com a Hemobrás na oferta de material, ao tempo em que terá importante apoio técnico da instituição para a qualificação do plasma e dos profissionais do estado”, finalizou Solla.