O Departamento de Agricultura para os Países da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores de Camarões encaminhou documento ao diretor-geral do Instituto Biofábrica do Cacau, Moacir Smith Lima, propondo um acordo de cooperação técnica com a organização sul-baiana.

O governo camaronês quer se manter informado sobre as ações desenvolvidas pela Biofábrica em benefício da recuperação da lavoura cacaueira baiana. Outro ponto do acordo prevê a orientação para implantação de uma unidade piloto no país.

O documento é assinado pelo diretor do Departamento da América do Sul no Ministério das Relações Exteriores de Camarões, Thierry Edgard Ndoe, pelo diretor da Câmara de Agricultura, Bienvenu Essomo, e por Martial Tchenzette, do escritório do Brasil no Ministério das Relações Exteriores daquele país africano.

Camarões possui 20 milhões de habitantes, dos quais 70% vivem na zona rural, e é o quinto produtor mundial de cacau. No sul do país, onde o cacau é plantado, existem grandes semelhanças com a região sul da Bahia.

“No nosso país, o cacau é plantado em uma região como a Mata Atlântica”, informou Ndoe. Ele disse que o seu país quer obter orientação estratégica do governo brasileiro e que em Camarões existe também um processo de devastação da mata, causado pela indústria madeireira.

Segundo o documento, há uma consciência ambiental por parte do produtor. “A cultura do cacau é importante para a preservação do planeta”, destacou.

As autoridades vieram em missão ao Brasil, quando visitaram a Unidade Central da Biofábrica, em Ilhéus, onde foram recebidas pelo diretor-geral do instituto, acompanhadas de técnicos.

Smith Lima afirmou que é importante a cooperação entre os diversos países produtores. “Vamos oferecer a nossa contribuição no que for preciso”, disse o diretor da Biofábrica do Cacau. Ele informou que recebeu orientação do secretário da Agricultura (Seagri), Geraldo Simões, para que sejam desenvolvidas parcerias.

Camarões produz hoje 140 mil toneladas de cacau e quer elevar para 500 mil em um período de 10 anos. O país teve uma perda de produção causada pela podridão-parda.

Emarc

Outro convênio assinado pelos camaroneses é com a Escola Média de Agropecuária da Região Cacaueira (Emarc). Eles estão reativando a Escola Prática de Agricultura de Binguela (Epab). A reativação da unidade faz parte do Programa de Luta Contra a Pobreza e Desenvolvimento das Áreas Rurais (PLD).

O protocolo com a Emarc prevê uma parceria de quatro anos com a troca de tecnologias por meio de estágios e apoio na formulação de materiais didáticos.

O diretor da Epab, Abega Michel, afirmou que pretende desenvolver no seu país a experiência brasileira na área de ensino. “Queremos aproveitar o modelo e a experiência de ensino da Emarc. Para nós, é muito importante esse intercâmbio”, declarou.

A reabertura da escola é apoiada pela comunidade européia, o que, para as autoridades de Camarões, vai ajudar a melhorar a renda dos jovens agricultores do país. “Vamos implantar na Epab os métodos de ensino da escola brasileira”, informou o diretor.