A amputação dos dois braços e da perna direita, em decorrência de um grave acidente provocado por um forte choque elétrico, há 17 anos, não foi obstáculo para Ana Rita Reis refazer sua vida. Com muita força de vontade e o constante acompanhamento dos profissionais do Centro Estadual de Prevenção e Reabilitação de Deficiências (Cepred), unidade da Secretaria da Saúde do Estado que considera como sua segunda família, hoje caminha com a ajuda de uma prótese, casou, teve três filhos, lançou o livro “Onze mil volts de misericórdia”, que está na segunda edição, e se prepara para lançar o segundo livro.
Ana Rita foi uma das usuárias do centro a participar, na manhã de hoje (21), da abertura da VII Feira de Saúde do Cepred, realizada na área externa do Centro de Atenção à Saúde (CAS), marcando o Dia de Luta da Pessoa com Deficiência.
Durante o evento, o secretário da Saúde, Jorge Solla, falou sobre a importância do trabalho desenvolvido pelo Cepred, enfatizando que o sucesso na reabilitação das pessoas portadoras de deficiências não depende somente dos profissionais que trabalham na unidade, “mas também do empenho e da força de vontade de cada um dos seus usuários”.
O secretário falou ainda sobre críticas que são feitas ao SUS, enfatizando que o sistema viabilizou a criação do Cepred e de inúmeros outros serviços de saúde. “O SUS possibilitou que milhares de pessoas voltassem a caminhar, a ter uma vida plena e uma maior perspectiva de inclusão social não deve ser alvo de críticas”, disse Solla.
A parceria do Cepred com outras instituições também foi destacada pelo secretário, ressaltando o papel das Voluntárias Sociais no trabalho de assistência aos portadores de deficiência, inclusive na concessão de cadeiras de roda, órteses e próteses. A diretora operacional das Voluntárias Sociais, Tânia Lessa Lima, representando a presidente da instituição, Fátima Mendonça, falou sobre a importância do trabalho realizado pelo centro, que segundo ela, foi uma das primeiras unidades procuradas pela direção das Voluntárias Sociais para uma atuação integrada.
Depoimentos
Realizada pelo sétimo ano consecutivo, com resultados extremamente positivos, a feira prolongou por todo o dia, oferecendo atividades culturais e de lazer, além de serviços, como cabeleleiro, manicure e aferição de pressão arterial, entre outros. Usuário do centro há 12 anos, desde que perdeu as pernas num acidente de trânsito, Edílson Silva aguardava sua vez para cortar o cabelo e fazer as unhas. Para ele, a feira é muito boa, porque reúne vários serviços no mesmo local. Com relação ao Cepred, ele garante que a unidade teve e continua tendo papel importante em sua recuperação. “Encontro toda a assistência que preciso no Cepred, que também me deu uma cadeira de rodas”.
A diretora do centro, Normélia Quinto, fez uma breve retrospectiva do evento, desde a primeira edição, há 7 anos, quando a unidade ainda era “inquilina” do INSS, em Brotas, e a feira ocupou uma área de 100 m2, contando com o apoio de quatro instituições parceiras. “Hoje, temos 35 parceiros, entre unidades da Sesab, como o Cedeba e a Fundação Hemoba, e outras, a exemplo do Sesi e do Instituto dos Cegos”, revelou Normélia Quinto.
Ainda conforme a diretora do Cepred, a feira é também uma oportunidade de mostrar os serviços prestados diariamente pela unidade, pioneira na assistência, reabilitação e reinserção social de pessoas portadoras de deficiências diversas pelo SUS. O centro atende nas especialidades de ortopedia, oftamologia, proctologia, neurologia, fisiatria, otorrinolaringologia, odontologia, genética, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, serviço social, nutrição e enfermagem.