Com foco na prevenção e controle de doenças degenerativas fatais e transmissíveis do rebanho bovino, caprino e ovino, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) conclui, hoje (24), treinamento de atualização voltado para médicos veterinários do órgão, com o objetivo de manter a Bahia livre da encefalopatia espongiforme bovina, conhecida popularmente como “Mal da Vaca Louca”. O curso acontece no município de Feira de Santana desde ontem (23) e está sendo ministrado pelo professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Eurípedes Guimarães.

O trabalho de capacitação faz parte do Programa Nacional da Raiva dos Herbívoros e Outras Encefalopatias (PNCH), desenvolvido pela Adab. “O treinamento é fundamental para o Estado intensificar, adequadamente, a vigilância para prevenção e controle dessas enfermidades, que são fatais, de difícil diagnóstico e sem tratamento disponível até o momento”, afirma o médico veterinário e coordenador estadual do Programa da Agência, José Neder. As doenças neurodegenerativas atacam gravemente toda a estrutura do sistema nervoso central, a exemplo do cérebro.

A Adab intensificará a vigilância no trabalho de colheita de material do sistema nervoso central, em abatedouros frigoríficos e em animais com suspeita da doença, e na fiscalização para combate à má utilização da cama de frango, em propriedades rurais, que costumam utilizar na composição da ração para ruminantes.

No treinamento também será discutida ações de prevenção contra a paraplexia enzoótica taransmissível, muito conhecida como scrapie e que acomete caprinos e ovinos. A Bahia, líder na produção de caprinos e segundo maior produtor de ovinos do país, é indene à enfermidade. O Brasil é detentor do maior rebanho comercial do mundo e nunca notificou nenhum caso de encefalopatia espongiforme bovina.

As doenças

O “Mal da Vaca Louca”, é uma enfermidade degenerativa fatal e transmissível do sistema nervoso central de bovinos. Caracteriza-se, clinicamente, por nervosismo, reação exagerada a estímulos externos e dificuldade de locomoção. É uma zoonose, passível de transmissão ao homem.

O Scrapie é uma doença de caráter neurodegenerativo progressivo e fatal, que acomete caprinos e ovinos. Seus sintomas podem se confundir com sarna, piolho, raiva, toxemia da prenhez, fotossensibilização. Por isso, um médico veterinário deve ser comunicado quando da suspeita dessa doença.

A Bahia é área livre de scapie, enquanto que no mundo, a ocorrência dessa enfermidade é relatada desde o século XVIII, e vem sendo notificada em muitos países. Em virtude disso, o Brasil restringe sua importação de caprinos e ovinos, sendo que, atualmente, somente Austrália e Nova Zelândia podem exportar para o mercado brasileiro.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) considera que a introdução das Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET), num país ou região livre da doença, pode ocorrer pela importação de produtos de origem animal contaminados (principalmente farinhas de carne e ossos) ou de animais infectados. Para que não ocorra contaminação, deve ser proibida a produção, a comercialização e a utilização de produtos que contenham proteínas e gorduras de origem animal na alimentação de ruminantes, com exceção dos produtos lácteos.