A pesquisa desenvolvida pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) sobre o pinhão-manso vem atraindo a atenção de produtores, empresas e cooperativas de todo o país. Esta semana, as unidades experimentais da EBDA de Amélia Rodrigues e Alagoinhas receberam a visita do presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras no Rio de Janeiro (OCB-RJ), Francisco de Assis França, e de técnicos da Veracel Celulose.

“A escolha da Bahia para a visita foi em função da conclusão de uma pesquisa da OCB-RJ que identificou a EBDA, juntamente com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Embrapa Semi-Árido, como referências, no Brasil, na área de pesquisa com o pinhão-manso”, afirmou França. Espaçamento, densidade, consórcio com culturas de ciclo curto, métodos e épocas de poda, além de adubação química e orgânica, são algumas das práticas e observadas pelos especialistas.

“Nesta visita, estamos coletando dados específicos que comprovem a viabilidade da planta para a produção de biodiesel. Queremos passar essa realidade para os agricultores familiares do Rio de Janeiro e apresentar a cultura como uma alternativa comercial”, disse o presidente da OCB-RJ.

O trabalho realizado nas unidades para avaliação de variedades e do comportamento da cultura em diferentes condições agroecológicas do estado são fruto de parceria com as universidades Federal da Bahia (Ufba), Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e Católica de Salvador (Ucsal).

Para atender ao projeto, foram instaladas Unidades de Observação nos municípios de Amélia Rodrigues, Irará, Alagoinhas, Conceição do Almeida, Irecê, Itaetê, Utinga, Ourolândia, Ribeira do Pombal, Itaberaba, Iraquara, Paripiranga, Jacobina, Feira de Santana e Cruz das Almas. “Nas unidades também estão sendo identificadas as melhores características agronômicas para a produção de biodiesel”, assegurou o pesquisador da EBDA e coordenador dos trabalhos, Edson Alva.

Em algumas dessas áreas, são realizados os registros da incidência de ataque de pragas e de doenças, de floração e frutificação, altura de planta, número de ramificações/planta, de cachos/planta, número de frutos/cacho e ainda a tomada de dados pluviométricos. Em algumas áreas, as plantas apresentam excelente aspecto vegetativo, já em frutificação, enquanto em outras áreas a cultura ainda está em fase de floração.

A cultura

Com grandes vantagens, como a perenidade (vive até 100 anos) e a alta produtividade, além de ser adaptável a diversos tipos de solo, clima e altitude, o pinhão-manso suporta longas estiagens, tem baixo custo de produção e apresenta amplas possibilidades de cultivo em todo o estado. Considerado um combustível limpo (menos poluente), o biodiesel tem como fonte as plantas oleaginosas. O óleo extraído da semente do pinhão-manso é considerado um dos mais indicados para a produção de biodiesel, em função de não produzir fumaça nem deixar resíduos no ambiente.

O pinhão-manso, já cultivado em diversas partes do mundo, tem na Índia e na Tailândia seus maiores produtores. Nesses países, o óleo produzido é utilizado, principalmente, para fins medicinais e na produção de sabão. Na antiguidade, também foi utilizado na iluminação pública e de residências.