A crise ambiental e as mudanças da matriz energética, com seus impactos positivos e negativos na região Sul da Bahia, foram debatidas ontem (4) durante um seminário promovido pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e pelo Instituto Oficina de Cidadania, com o apoio do Governo do Estado. Um dos participantes do evento foi o secretário de Agricultura da Bahia, Geraldo Simões, que coordenou uma mesa-redonda sobre o Fortalecimento da Agricultura Familiar e a Preservação da Mata Atlântica.
O secretário destacou que “o presidente Lula colocou o Brasil no centro dos debates mundiais sobre a substituição dos combustíveis fósseis por materiais renováveis, como o etanol e o biodiesel”. Segundo ele, a Bahia está sendo inserida nesse processo, que envolve o fortalecimento da agricultura familiar, sem comprometer a produção de alimentos e agredir o meio ambiente.
Um dos principais projetos do Governo do Estado para a produção de combustíveis alternativos é o Programa do Biodiesel da Bahia (BahiaBio), que tem como objetivo incentivar e desenvolver a produção de bioenergia na Bahia, visando atender às demandas dos mercados interno e externo. O BahiaBio prevê a produção de energia limpa e renovável, tendo como meta atingir em oito anos 5,8 milhões de metros cúbicos de etanol e 417 mil metros cúbicos de biodiesel, além de gerar energia e créditos internacionais de carbono.
A produção de biodiesel, que inclui o Sul da Bahia, vai abranger os municípios de Cairu, Camamu, Canavieiras, Igrapiúna, Ilhéus, Itabuna, Una, Ituberá, Nilo Peçanha, Piraí do Norte, Taperoá, Uruçuca e Valença.
“A produção atual é de três mil quilos de dendê por hectare, mas pode chegar a quinze mil quilos por hectare com o desenvolvimento de novas tecnologias”, disse o secretário. O Estado está investindo em pesquisa e assistência técnica, que são fundamentais para o projeto de modernização do setor rural, gerando empregos e melhorando a renda dos produtores.
“Hoje, algumas técnicas de cultivo de produtos como a mandioca, por exemplo, são as mesmas de três séculos atrás e uma produtividade com potencial para 25 toneladas por hectare é de apenas 6 mil toneladas por hectare”, revelou.
O governo federal dispõe atualmente de R$ 12 bilhões para financiamento do Programa Nacional de Agricultura Familiar e a Bahia, com 630 mil micro e pequenos produtores (14% do total nacional) recebe apenas R$ 600 milhões/ano. A meta do governo baiano é ampliar a captação de recursos, através da elaboração de projetos viáveis, aproveitando as imensas potencialidades do Estado.
Durante o debate na Uesc, que contou com a participação de professores, estudantes, pesquisadores, produtores e ambientalistas, Geraldo Simões destacou também o Plano de Aceleração do Desenvolvimento do Agronegócio na Região Cacaueira da Bahia, o PAC do Cacau.
O plano deverá ser implantado até o final do ano e prevê investimentos na ordem de R$ 2 bilhões em oito anos (R$ 300 milhões na primeira etapa), com recursos destinados ao aumento da produtividade do cacau, projetos de diversificação, agroindústria e agricultura familiar, além do equacionamento das dívidas dos produtores rurais.