Um tráfico ao contrário. Assim define a realizadora francesa Ariel de Bigault o seu trabalho de documentarista, dedicado ao intercâmbio de informações culturais entre Portugal, África e Bahia. Bigault estará em Salvador para acompanhar uma mostra dos seus documentários, programada para a partir desta segunda (8) e até sexta-feira (12), na Sala Walter da Silveira, com o apoio da embaixada da França em Recife.
Bigault diz que a expectativa é grande para rever a Bahia, que conheceu na década de 80, quando registrou imagens dos filhos de Gandhy, Ilê Ayiê, Olodum e Zezé Mota na série documental Eclats Noirs du Samba, para TV francesa, que destaca a importância da influência da cultura negra na música brasileira.
Apresentada por Grande Otelo, a série mostra os trabalhos de Gilberto Gil, Zezé Mota, Paulo Moura Martinho da Vila, Velha Guarda da Portela, Vila Isabel, Fundo do Quintal e outros artistas afro-brasileiros.
A mostra Um Roteiro Lusófono – O cinema documental de Ariel de Bigault será aberta na segunda-feira (8) com os filmes Afro Lisboa, de 1996, sobre o cotidiano de imigrantes africanos em Lisboa e aborda questões sociais e de identidade, e Margem Atlântica, que registra o encontro em Lisboa de músicos, intérpretes e autores cujas criações refletem as suas origens africanas.
Na terça serão exibidos os documentários musicais Eclats Noirs Du Samba. Produzido no Brasil em 1987 pela TF1, em associação com o Centro National de La Cinematographie et du Ministere des Affaires Etrageres.
No primeiro volume, a música de Martinho da Vila, Joel Silva, Paulo Moura, Grupo Fundo de Quintal, Nelson Sargento, Velha Guarda da Portela, Joel Rufino dos Santos dentre outros, com apresentação de Grande Othelo. No segundo volume, especiais com Gilberto Gil, gravado em Salvador, e Zezé Mota.
Angola estará em destaque na programação de quarta, com uma série de TV sobre o cotidiano dos angolanos e de uma minissérie policial. Na quinta serão exibidos os documentários Canta Angola, de 2000, e Madredeus, sobre o grupo musical português. A mostra será encerrada na sexta, com a reprise de Afro Lisboa e Margem Atlântica.