A Bahia será o primeiro estado a assinar o contrato do Mais Cultura, programa do Ministério da Cultura que destinará R$ 4,7 bilhões até 2010 para todo o país. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (25), em Feira de Santana, pelo ministro Gilberto Gil, durante a segunda Conferência Estadual da Cultura, que contou com a presença do governador Jaques Wagner e do secretário da Cultura, Márcio Meirelles, entre outras autoridades.

De acordo com o ministro Gil, a assinatura do protocolo será uma das ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita que fará segunda-feira (29), a Salvador e Camaçari. “O Governo do Estado está inovando em sua relação com a sociedade na questão da cultura” disse o ministro. “Nos orgulha estar sendo brindado pelo Minc como o primeiro estado assinar este contrato”, disse o governador Jaques Wagner.

A quebra do modelo de cooptação e a implantação de uma gestão de parceria e participação foram as definições dadas pelo governador para a reação às ações de democratização da cultura promovida pelo Estado. “Antes tínhamos na cultura um modelo de Estado de pai e padrasto, que ditava tudo que as pessoas tinham de fazer e no qual só alguns tinham acesso às verbas. Agora estamos fazendo e o que já vinha sendo feito no Ministério da Cultura, ou seja, mudando paradigmas”, disse Wagner na abertura da Conferência.

Wagner fez uma avaliação positiva das ações da Secretaria de Cultura e disse que os problemas enfrentados “são porque ainda existem nichos de eventuais privilégios”. Ele ressaltou, ainda, que a cultura é um direito de todos e que a própria forma da organização da Conferência, permitindo a participação de mais de 30 mil representantes dos municípios em todo o processo, é um sinal de que o governo entende este direito. “A cultura é muito mais que apresentações de artistas, é a identidade de um povo”.

O ministro fez uma manifestação de apoio ao secretário Márcio Meirelles, lembrando que quando começou no Ministério da Cultura também teve que ser ousado. “A cultura da Bahia tem hoje um novo olhar do Estado”. Ele também elogiou a abertura que o estado esta proporcionando para a participação dos povos indígenas e dos quilombolas. O ministro disse, ainda, a conferência é um sinal da qualificação que a Bahia vem buscando para a cultura.

“Nós somos uma orquestra e a nossa missão é realizar ações, como num concerto, de forma integrada para consertar a Bahia”, disse o secretário Márcio Meirelles. “A resistência ao novo é um desafio, mas precisamos enfrentá-lo sem medo, porque a cultura não existe sem riscos”, completou. “Sempre digo ao Márcio, quando ele toma as decisões, que com o ministro Gilberto Gil não foi diferente. Toda quebra de paradigma é um problema”, completou o governador.

A expectativa dos organizadores da Conferencia da Cultura, que acontece até domingo, em Feira de Santana, é que o evento deve contar com a participação de cerca de 2 mil pessoas, entre elas 800 delegados de 383 municípios baianos, eleitos nas conferencias municipais e regionais que reuniram cerca de 30 mil pessoas. A maior participação nesta edição, onde estão representados 400 municípios (mais de 90% do total) se deve, especialmente, pela descentralização e interiorização das ações.

A primeira conferência, realizada em novembro de 2005, em Salvador, tinha 248 participantes e 21 municípios. Foram realizados apenas 21 encontros prévios municipais, representando apenas 5% dos municípios da Bahia.