O público votou no clássico ‘Belíssima’, do italiano Luchino Visconti, e a Diretoria de Artes Visuais e Multimeios (Dimas) ampliou a temporada de exibição do filme para o período de 5 a 11 de outubro, na Sala Walter da Silveira, integrando o programa especial Quero (Re)Ver. A intenção é proporcionar aos freqüentadores a oportunidade de eleger, a cada mês, uma obra cinematográfica antológica, entre três opções oferecidas, para matar saudades. É um espaço interativo criado pelo cinema dos Barris visando prestigiar os cinéfilos baianos.
Produzido em 1951 e estrelado por Anna Magnani, Belíssima conta a história de Magdalena Cecconi. Morando em uma casa que é invadida todas as noites pelas luzes e pela vibração trêmula de uma tela cinematográfica – do seu quintal é possível assistir aos filmes exibidos pelo cinema ao ar livre do lado – ela sonha em utilizar tal fascínio como ponte para superar sua atual pobreza e falta de perspectivas.
Mas para concretizar o seu desejo, Madalena precisa de uma ferramenta que elaborada e manuseada por ela, tornará mais fácil o seu acesso a essa incrível “fábrica de ilusões”. A ferramenta será justamente a sua pequena filha Maria.
Inconscientemente disposta a corromper a inocência da filha, ela a apresentará a um mundo cruel, onde está acentuada de forma assustadora a competição e a insaciável sede pela fama. Para sobreviver e para se destacar nesse ambiente é preciso se dedicar integralmente a ele e até mesmo se escravizar, obedecendo cegamente às suas severas regras.
Submetida a uma série de humilhações, a pequena Maria é obrigada a decorar versinhos, a se vestir e a se portar de maneira especial. A menina tenta de sua forma se comunicar com a mãe e expressar o que está sentindo diante daquela situação, porém um grandioso abismo tornará mãe e filha incomunicáveis.

Visconti

Proveniente de uma família tradicional e nobre da Itália, o Conde Don Luchino Visconti di Modrone, antes de despertar para o dom de diretor de cinema, passou a juventude estudando artes e literatura e criando cavalos, uma de suas paixões, mas logo se interessou pela sétima arte quando foi convidado para trabalhar com cenografia em um filme de Korda. A parceria não se concretizou, porém se envolveu com o cinema inusitadamente aos 30 anos de idade, ao ser convidado por Jean Renoir, para ir a Paris e trabalhar como seu assistente no filme “Une Partie de Campagne” (1936).
De volta à Itália, Visconti, em 1942, realiza o seu primeiro longa-metragem Ossessione, baseado no romance “O Destino Bate à Sua Porta”, de James Cain. Prossegue no viés neo-realista com A Terra Treme e Belíssima até encontrar o seu ambiente mais característico, da ópera e do drama histórico, sem nunca abandonar suas temáticas sociais, políticas e existenciais.
O filme será exibido de 5 a 7, às 15h e 17h30min. De 8 a 11, às 15 horas e (somente no dia 8 terá sessão 17h30). Censura, 10 anos. Os filmes para votação este mês são A Grande Testemunha (Au Hasard Balthazar, FRA, 1966), com direção de Robert Bresson. Lolita (Lolita, EUA, 1962 ), com direção de Stanley Kubrick, e A Comilança (La Grande Bouffe, FRA/ITA, 1973), direção de Marco Ferreri.