Depois da estréia no último dia 4, a Cia II do Balé Teatro Castro Alves volta a apresentar o espetáculo Malungo, da coreógrafa e pesquisadora Lícia Morais, na quinta-feira (18), na Sala do Coro do TCA, às 20 horas. O BTCA II, formado por bailarinos veteranos, é dirigido por Ivete Ramos. A apresentação tem o apoio da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) e Fundação Cultural do Estado (Funceb). Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Batizada como a Dramaturgia da Memória, essa montagem coreográfica é resultado de um processo criativo inspirado na Diáspora Africana, fruto de tese de doutorado defendida na ECA/USP. “É muito interessante poder fazer isto, porque normalmente você associa uma tese à academia, mas estou aplicando numa companhia de dança”, afirma Lícia Morais.

Camarada, companheiro, irmão de leite são os significados da palavra africana “malungo”. Assim eram chamados os escravos vindos da África num mesmo navio. O espetáculo de dança é uma homenagem à Diáspora Africana na América e reativa esta memória que, apesar de muito sofrimento, nos deixou uma rica herança cultural e ancestral que não vivem em separado. “É memória constituinte do povo baiano, apesar da ‘Árvore do Esquecimento’, que foi uma tentativa de apagar da alma dos negros o seu referencial africano”.

Para desenvolver a Dramaturgia da Memória, Lícia Morais buscou fatos significativos em diversas fontes. Entre elas estão os livros Nascimento, de Eduardo Galeano, Os Nagô e a Morte de Juana Elbein, As Religiões Africanas no Brasil, de Roger Bastide, e o romance Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, além da Árvore do Esquecimento, citada no filme-documentário Atlântico Negro: Na rota dos Orixás.

Licia Morais é bailarina do BTCA, Graduada em Dança pela Ufba com Especialização em Dança–teatro no Wuppertal Tanztheater (Alemanha), sob a orientação de Pina Bausch, e doutora em Artes pela ECA/USP.