Salvador começa a receber amanhã (23) as 83 embarcações que disputam a Mini-transat, a segunda das regatas internacionais mais badaladas do mundo a chegar à capital baiana nesta alta estação.
Entre os principais favoritos, está o francês Yves Lê Blevec, que já estava no Recife por volta das 7h de hoje (22) e tem chegada prevista entre 15 e 17h de amanhã, no Terminal Náutico da Bahia, no Comércio. David Krizek está na terceira colocação.
Até a tarde de ontem, David Sineau vinha em segundo lugar, e Nicolas Bremann, em terceiro, também na categoria protopipo. Herve Piverteau lidera a classe Serie, acompanhado por Gerard Marim-julia
Os veleiros de 6,5 metros quadrados vêm de La Rochelle, na França, de onde foi dada a largada 18 de setembro. Cerca de 1,1 mil milha depois, a frota alcançou a Ilha da Madeira, possessão portuguesa que serviu de escala antes de Salvador.
Da Ilha de Madeira até Salvador serão mais 3,1 mil milhas, totalizando o equivalente a 7,8 mil quilômetros, mais ou menos uma viagem de ida e volta da capital baiana até Monvetidéu, no Uruguai, no Cone Sul.
Em vez de uma tripulação entre 15 e 16 pessoas, como acontece na regata Clipper around the world, na regata Minitransat, a navegação é em solitário. Por causa dos riscos, sete barcos chamados “acompanhadores” dão suporte durante o percurso.
Segundo o diretor da regata, o francês Dennis Hugues, cinco entre os 89 barcos que largaram, apresentaram avarias impossíveis de serem consertadas a tempo de terem alguma chance e, por isso, foram eliminados.
O acidente mais sério aconteceu entre os barcos de Andraz Mihelin e David Le Carrou, que se chocaram ainda na Ilha da Madeira. Alex Pella perdeu o mastro e também abandonou. O suíço Jacques Valente, com problemas de saúde, também saiu.

Surpresas
Ao chegar, em Salvador, as embarcações passarão por inspeção e conserto a partir de avaliação de marceneiros, laminadores e carpinteiros, entre outros profissionais, embora parte dos barcos vá voltar de contêiner a seu país de origem.
Os três primeiros colocados nas categorias protótipos e series vão receber a premiação de um troféu. O Terminal Náutico está programando uma festa, com a participação da comunidade esportiva local, para a chegada do campeão amanhã.
Pelas características dos barcos, a regata MiniTransat é sempre cheia de surpresas. As mínis, como são chamadas as embarcações, podem enfrentar súbitas mudanças de clima e passar de irritantes calmarias a emocionantes tormentas.
Vale tudo para vencer tantas surpresas, até se apegar a rituais coletivos de apelo ao Divino – é comum, antes da largada, navegadores tomarem um gole de rum e depois atirar a garrafa ao mar, para pedir proteção ao deus Netuno, que “administra” o oceano.
Enquanto em alto mar, os aventureiros se dedicam a passar pelas dificuldades, o Terminal Náutico conclui os preparativos no sentido de receber os visitantes na marina pública administrada pela da empresa francesa Grand Pavois Organisation.
Depois de receber os 10 barcos da Clipper, e agora, mais 83 mínis da Transat, a marina espera duas regatas internacionais, a Transat Jacques Vabre, no dia 15 de novembro, e Rally dês Soleirs, dia 20 de dezembro.
Salas de imprensa, direção, comissão, organização, escritórios, uma assessoria náutica, ambulatório e outros setores estão à disposição dos navegadores e dos profissionais encarregados da cobertura da regata.
A regata é chamada na França, país-fundador, de Transat 6,50 Charente-Maritime/Bahia 2007, mas ficou mesmo conhecida como Mini-Transat, como era denominada no início dos 30 anos de história com 16 edições realizadas.
Embora nascida na França, a regata foi criada por um britânico com sobrenome de peixe, o navegador Bob Salmon. Com o tempo, a competição tornou-se pré-requisito para os navegadores que querem tornar-se capitães em regatas em solitário.