Para que as áreas restauradas fossem transformadas exclusivamente em núcleos turísticos, 1.674 famílias foram expulsas do Pelourinho nos 16 anos anteriores a 2002. A Associação dos Moradores e Amigos do Centro Histórico de Salvador (Amach) denunciou ao Ministério Público Estadual os despejos forçados e recebeu apoio do governo federal. A partir de um trabalho conjunto foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que garantiu a permanência dos moradores, em condições dignas.
Desde então, o conceito do projeto foi reformulado, com o objetivo de abrigar os antigos moradores. A nova fase busca a sustentabilidade da região, atendendo às reivindicações da Amach. Os imóveis recuperados são transformados em habitação para a população na faixa de renda de até dois salários mínimos. “Esse é um marco da conquista pela permanência. É uma vitória que mostra a nossa organização. Os apartamentos são ótimos, bem adequados à composição familiar, e os moradores estão satisfeitos”, conta a presidente da Amach, Gecilda Melo.
Ao divulgar a nova concepção de restauração e revitalização do Centro Histórico, na semana passada, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, criticou as políticas públicas equivocadas do passado: "O conceito preponderante era o de esvaziamento, de retirada da população, de modo a tornar aquilo mais aceitável e palatável para o padrão de consumo da classe média e turística. Assim, prevaleceu a idéia de transformar o centro de Salvador exclusivamente em núcleo turístico, expulsando a população de baixa renda".