O Projeto de Conservação e Gestão Sustentável do Bioma Caatinga (Gef – Mata Branca), uma parceria do Banco Mundial (Bird) com os governos da Bahia e Ceará, será lançado oficialmente na quarta-feira (24), às 19 horas, na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), do município de Jeremoabo, a 450 km de Salvador. O evento vai prosseguir até sexta-feira (26) reunindo as comunidades de Contendas do Sincorá, Curaçá, Itatim e Jeremoabo que vão analisar, junto com as entidades parceiras, o manual operacional do Gef – Mata Branca.

O Projeto Mata Branca prevê investimentos da ordem de R$ 23 milhões, sendo R$ 10 milhões oriundos do Bird e R$ 13 milhões referentes à contrapartida dos governos dos estados envolvidos. O início das ações está previsto para janeiro de 2008, com prazo de cinco anos para conclusão.

Conduzir as populações tradicionais a práticas sustentáveis de desenvolvimento econômico e social é o principal objetivo do projeto, que propõe alternativas de trabalho e geração de renda às comunidades indígenas, quilombolas, angiqueiras e de fundo de pasto, que sobrevivem da extração inadequada de matéria-prima da caatinga. Com a iniciativa, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado (Semarh) busca também promover a conservação, a preservação e o manejo sustentável da biodiversidade local.

Para marcar a cerimônia de abertura, a Semarh vai apresentar o livro As Caatingas, fruto do debate sobre as vulnerabilidades do bioma, realizado em abril último com a população de Paulo Afonso.
“A comunidade deve estar à frente e envolvida em projetos que alterem práticas e hábitos insustentáveis”, afirmou Juracy Marques, assessor especial da Semarh envolvido no projeto. “A idéia é inibir a crescente desertificação da caatinga, além da extinção da fauna e da flora do bioma, através de ações socioambientais”.

Estão previstas atividades em meliponicultura, que consiste na produção de mel de abelhas nativas da caatinga, considerado até três vezes mais rentável que o convencional. “A proposta é aproveitar frutos nativos da região, como o umbu, murici e maracujá-do-mato”. O especialista em biomas acredita que a produção e comercialização de geléia, doce em compota, polpa e suco de frutas in natura é uma solução economicamente viável e ambientalmente sustentável.

Espécies também nativas, como o caroá, utilizado na confecção da indumentária ritualística indígena e o cipó terão seu manejo sustentável garantido, com o incentivo à produção de artesanato. A construção de viveiros e o plantio de mudas também vão gerar retorno financeiro e ambiental para a comunidade catingueira.

O Projeto Mata Branca é promovido pelas secretarias estaduais do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), do Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), através da CAR, e Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), em conjunto com o Conselho de Política e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) cearense.