Reduzir os índices de infecção pelo HIV/Aids na população feminina é o principal objetivo do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia de Aids e Outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), lançado este ano pelo Ministério da Saúde.

O tema está sendo discutido até quinta-feira (1º de novembro) no Hotel Vila Velha, onde acontece a Oficina Macrorregional Nordeste II do plano, iniciativa do Programa Nacional de DST/Aids, com apoio da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab).

Instalado na manhã de hoje (30), o evento reúne representantes de diversos segmentos governamentais e não-governamentais da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, com a meta de elaborar um plano de ação para a operacionalização do enfrentamento da epidemia em âmbito estadual.

Segundo a assessora técnica do Programa Nacional de DST/Aids, Kátia Guimarães, esta é a terceira oficina realizada – as duas primeiras reuniram representantes das macrorregiões Sudeste e Nordeste I.

“Nossa proposta é incorporar ao plano nacional a contribuição dos diversos estados, observando as semelhanças e as metas de cada região do país para o enfrentamento da feminização da epidemia de Aids e outras DSTs”, observou Kátia Guimarães.

Intersetorialidade

A necessidade de maior diálogo com outros setores que atuam junto à população feminina foi apontada pela assessora do Programa Nacional de DST/Aids como o principal motivo para a elaboração do plano. Para Kátia Guimarães, o programa pretende continuar o trabalho na prevenção de DST/HIV/Aids, incorporando ações intersetoriais.

A partir dessa proposta, o plano envolve a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Área Técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, além de organismos internacionais, como o Fundo de População das Nações Unidas (UNPFA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Fundo das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e a sociedade organizada.

Na abertura da oficina, a diretora de Vigilância Epidemiológica da Sesab, Alcina Andrade, que representou o secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, ressaltou a qualidade do trabalho que vem sendo produzido pela Coordenação Estadual de DST/Aids e reforçou a necessidade de parcerias no trabalho de prevenção e assistência em DST/HIV/Aids.
“Entendo a importância da DST/Aids no contexto da saúde pública, a forma como tem mudado o perfil da epidemia e como devemos atuar para enfrentar os novos desafios”, disse Alcina Andrade.

A importância da intersetorialidade foi destaque também no pronunciamento da representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Stella Taquette, que chamou atenção para duas importantes questões: a gravidade do problema da feminização da epidemia da Aids, que deve ser compreendida inclusive por muitos profissionais da área, e a intersetorialidade, incluindo os representantes da sociedade.

“Nesse contexto, devemos lembrar a importância da atenção básica com os profissionais que estão na ponta, que fazem a diferença no combate à epidemia”, afirmou Stella Taquette.

Maior vulnerabilidade

Para a coordenadora estadual de DST/Aids, Edivânia Landim, os esforços para elaboração do plano se justificam, “em razão do processo de feminização, interiorização e pauperização da epidemia do HIV/Aids”.

Assim como Kátia Guimarães, ela lembrou que vários fatores colocam a mulher com maior vulnerabilidade à infecção do HIV/Aids e outras DSTs. “São fatores sociais, culturais, entre outros, que deixam as mulheres mais propensas à infecção”, explicou.

A assessora técnica do Programa Nacional de DST/Aids falou também sobre algumas metas do plano, entre elas a de elevar o índice de mulheres que fizeram o teste anti-HIV no país, de 35 para 70%, aumentar a aquisição de preservativos femininos de 4 milhões para 10 milhões em 2008 e eliminar a sífilis congênita.