Inaugurado o Núcleo de Estudos e Prevenção ao Suicídio do Ciave

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o gasto anual com suicídios, no mundo, está em torno de US$ 1,8 milhão, o equivalente ao custo de uma guerra. Com o objetivo de prevenir o suicídio, através do tratamento da depressão, principal fator associado às tentativas de suicídio, o Centro de Informações Antiveneno (Ciave), unidade da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), inaugurou ontem (22), no início da noite, o Núcleo de Estudo e Prevenção ao Suicídio (NEPS).
Na oportunidade, a toxicologista Dayse Schwab, diretora do Ciave, disse que o novo serviço é um “sonho antigo”, e que espera poder “ajudar nossa população, tão carente e com tantos problemas”. Para a psicanalista Soraya Rigo, coordenadora do NEPS, a criação do núcleo também representou a concretização de um antigo sonho, que foi “comprado” pela equipe do Ciave, tornando-se realidade.
A psicanalista lembrou que o projeto, na verdade, visou ampliar o serviço de psicologia do centro, que atuava exclusivamente no atendimento emergencial e ambulatorial de pessoas que tentaram suicídio. “Agora, o serviço torna-se também um ambulatório de tratamento da depressão aberto à comunidade e um núcleo de estudos e pesquisas sobre depressão e suicídio”, observou Soraya Rigo.
Ainda de acordo com a coordenadora do NEPS, o núcleo deverá ter uma atuação preventiva, já que a depressão é uma das doenças mais comumente associadas ao suicídio, seguida da esquizofrenia e do alcoolismo. “É preciso desmistificar o suicídio e a depressão, informando à família e à comunidade, para que possam inclusive identificar sinais de pessoas com tendência ao suicídio e buscar ajuda profissional uma atuação preventiva”, acrescentou a psicanalista.
De acordo com Soraya Rigo, o suicídio vem se tornando um dos aspectos mais discutidos e centrais nas estatísticas mundiais nos últimos anos, apontando para o caráter de urgência nas questões de saúde pública e para a necessidade de tomada de decisões visando a prevenção e o controle da crescente taxa de casos registrados.
No Brasil, a cada ano, verifica-se uma incidência de 6,6% de suicídio por cem mil habitantes. Pioneira no país, a experiência de acompanhamento psicológico ambulatorial contínuo a pacientes com comportamento suicida do Ciave já foi apresentada diversos encontros científicos e resultou numa taxa inferior a 0,01% na reincidência de tentativas de suicídio.
A diretora do Ciave esclarece que o NEPS não oferecerá atendimento emergencial e as consultas deverão ser agendadas previamente, através do telefone 3387-4343. Além do acompanhamento psicológico, o núcleo terá disponível atendimento psiquiátrico ambulatorial, terapia ocupacional e reuniões informativas para familiares dos pacientes. “Iremos também promover atividades educativas para a comunidade, reuniões científicas e estágios especializados”, observa Dayse Schwab. Para isso, o núcleo possui dois consultórios e uma área para atividades de terapia ocupacional.