Policiais militares e civis, bombeiros e guardas municipais de todo o país, além de representantes de conselhos comunitários de segurança, participaram hoje (24) da abertura do Seminário Nacional de Polícia Comunitária, promovido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) em Salvador.

O evento busca fortalecer a parceria entre a população e os profissionais de segurança para identificar e resolver problemas relacionados ao crime, ao medo, à exclusão e à desigualdade social. Na abertura, houve a apresentação do grupo de teatro da PM da Bahia.

Em seu pronunciamento, o secretário nacional de Segurança Pública, Antônio Carlos Biscaia, declarou ser visível a necessidade de uma nova linha de policiamento. “A atuação da polícia comunitária se apresenta como uma alternativa eficiente no combate à violência. Alguns estados já a estão adotando, com os policiais em contato com a comunidade e sendo conhecidos por ela”, disse.

Confiança do povo

O secretário estadual de Segurança Pública, Paulo Bezerra, avaliou a iniciativa de forma positiva. Para ele, a polícia deve sempre estar próxima da sociedade – a chamada polícia cidadã –, em sintonia com as diretrizes do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania (Pronasci).

“É uma forma de inspirar a confiança do povo, pois o policial atua para zelar pelo patrimônio maior das pessoas: a vida”, explicou Bezerra. Ele afirmou que na Bahia a polícia comunitária pode ajudar no combate ao narcotráfico, que gera outras mazelas, como homicídios e conflitos familiares, “além da sensação de insegurança, que é pior do que a falta de segurança”.

O capitão da PM e coordenador nacional dos Cursos de Polícia Comunitária, Cristiano Curado Guedes, destacou que o evento em Salvador fecha com chave de ouro a capacitação em polícia comunitária que os profissionais vêm tendo durante todo o ano.

Segundo ele, mil policiais de cada estado, inclusive da Bahia, estão participando da capacitação (2 mil apenas no Rio de Janeiro), totalizando um efetivo de 28 mil homens que irão para as ruas seguindo os preceitos da polícia comunitária.

“Quando a polícia trata a comunidade de igual para igual, é possível trabalhar na causa dos problemas, e não apenas nos efeitos. Assim, muitos conflitos são evitados”, comentou Guedes.

Em cada estado, são 20 turmas – cada uma com 50 policiais – participando do curso de polícia comunitária. O conteúdo ministrado envolve mediação de conflitos, relações interpessoais, gestão pela qualidade da segurança pública, direitos humanos e mobilização social.

O capitão explicou ainda que a Bahia, que conta hoje com um efetivo de 28 mil policiais militares, foi escolhida para sediar o seminário por causa do apoio oferecido pela Secretaria Estadual de Segurança Pública.

Importância da aproximação

Entre os participantes do evento, está o sargento Raimundo Ribeiro, da Polícia Militar do Amapá. Em sua primeira visita à Bahia, ele contou que o curso de polícia comunitária lhe ajudou a perceber a importância da aproximação que deve existir entre os policiais e a sociedade.

“A postura da polícia, a presença da viatura e tudo mais acabaram provocando um distanciamento que não deveria existir. Por isso estamos trabalhando o perfil do policial e a forma de abordagem para que possamos estar mais próximos do povo para a solução dos seus problemas”, declarou Ribeiro.

O Seminário Nacional de Polícia Comunitária prossegue até sexta-feira (26), no Hotel Fiesta (Itaigara), e vai discutir a implantação da filosofia da polícia comunitária em todo o Brasil e relatar experiências praticadas para isso.