A partir de 2008, o estado terá mais biodiesel do que o consumo interno previsto, se considerada a base industrial instalada. A estimativa é da coordenadora do Programa de Biodiesel da Bahia, Telma Andrade, que apresentou durante seminário realizado em Feira de Santana as principais linhas que nortearão as ações para tornar o estado uma referência na produção do biocombustível.

Segundo Telma, a partir de 2008 serão produzidos 185 mil metros cúbicos de biodiesel por ano na Bahia, número superior ao consumo de 5% de biodiesel misturado ao diesel, índice de mistura permitida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

No 1º Seminário da Rede Baiana de Biocombustíveis (RBB), realizado ontem e hoje (11) na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), ficou claro que o governo da Bahia vai priorizar uma melhor inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel.

“Também temos o desafio de renovar a matriz energética estadual, que há anos não recebe investimentos para energias renováveis, o que faz com que a Bahia tenha 73% de energia não-renovável em sua matriz energética, ao contrário da maioria dos estados brasileiros, que ficam na escala dos 50%”, disse Telma.

O gerente-geral adjunto da Refinaria Landulpho Alves, Sérgio Paixão da Costa, afirmou que a Petrobras colocou o biocombustível em seu planejamento estratégico e investirá cerca de US$ 1,5 bilhão no setor até 2012.

“O Brasil importa diesel e a proteção ambiental requer cada vez mais o uso de combustíveis sem enxofre, como é o caso do biodiesel. A mistura sempre vai favorecer a qualidade do meio ambiente”, explicou Paixão da Costa. A Petrobras está implantando uma unidade industrial de produção de biodiesel no município de Candeias, prevista para ser inaugurada ainda este ano.

Hoje, a legislação brasileira permite o uso do B2 (2% de biodiesel misturado com diesel), mas a partir de 2008 será permitido o emprego do B5. Para Telma Andrade, o aumento da quantidade de biodiesel adicionado ao diesel a partir do B5 ainda requer pesquisa e desenvolvimento para melhorar a qualidade do combustível.

“Testes realizados com B20 mostram que também será necessário adaptar motores, o que é natural a partir da inserção de um novo combustível no mercado”, explicou Telma, que também é diretora de Fortalecimento Tecnológico Empresarial da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (Secti).

A RBB é formada por diversas instituições que possuem aderência com o tema biodiesel e que interagem entre si, a fim de apoiar as ações do Programa de Biodiesel da Bahia, discutindo e elaborando projetos com temas relacionados ao assunto.

Oleaginosas

A Bahia conta com uma grande variedade de oleaginosas, que são as plantas cujo óleo serve como fonte para o combustível, a exemplo da mamona, do dendê, do algodão, do girassol e do pinhão-manso.
O estado possui também uma ampla área para ampliação de cultivares, o que contribui para torná-lo atrativo para diversas empresas do segmento interessadas em implantar usinas que produzirão o biocombustível em escala industrial.