A Secretaria Estadual de Turismo (Setur) reúne, quinta-feira (18), das 14 às 18h, no salão Oxalá, no Centro de Convenções, representantes de vários terreiros de Candomblé para discutir propostas que irão nortear projetos e estreitar o relacionamento entre os templos religiosos de matriz africana, o Governo do Estado e empreendedores do setor turístico. Na opinião do secretário Domingos Leonelli, esse entrosamento visa garantir uma relação digna entre a atividade turística e os terreiros.

A reunião será aberta com a pré-estréia do documentário Povo de Santo, produzido pelo Núcleo Omidudu, seguida da apresentação do Marco Conceitual do Turismo Étnico-Afro.

Leonelli ressalta que para a atual administração, o Candomblé está longe de ser apenas uma atração turística. Os terreiros são templos religiosos que podem ser visitados de forma respeitosa, como a Basílica de São Pedro no Vaticano. “Nosso programa de turismo étnico, por exemplo, prevê a qualificação profissional e cultural de guias turísticos e de empresas operadoras de receptivo visando garantir o respeito a esses templos”, afirma.

O coordenador do programa de Turismo Étnico-Afro da secretaria, Billy Arquimimo, lembra que a intenção do encontro é discutir amplamente, com os representantes dos terreiros, questões relacionadas à atividade turística. Foram convidados mais de 70 representantes de terreiros.

“Existem queixas dos terreiros em relação ao comportamento de alguns segmentos turísticos frente ao culto africano. A idéia é ouvir os anseios dessa parcela da comunidade para direcionar ações que contemplem o turismo e os terreiros, a exemplo do documento Marco Conceitual do Turismo Étnico-Afro, que é fruto de um amplo diálogo com vários setores da sociedade”, enfatiza Arquimimo.

Segundo ele, a modernização da concepção de turismo em direção a sustentabilidade do setor, além do desenvolvimento de novas estratégias de gerenciamento, estão presentes no Marco.

História oral

O documentário Povo de Santo é uma abordagem da religiosidade da matriz africana na Bahia, com o enfoque de quem proclama dessa fé. São vozes de sacerdotisas e sacerdotes de importantes terreiros que estão sendo reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares para posterior tombamento como Patrimônio Cultural do Brasil, pelo Iphan -Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. São apresentados depoimentos de ogãs, ialorixás e babalorixás de várias nações e etnias, além de pessoas que têm relações com o Candomblé.

O historiador Manoel Passos Pereira, que divide a direção do documentário com o cinegrafista Wilson Militão, lembra que o diálogo com “essa gente de santo só foi possível graças a utilização da metodologia da história oral, como poderosa ferramenta do fazer histórico, do fazer cinematográfico e do fazer cultural”.