Fechado há três anos para reforma da estrutura física e restauração de parte do acervo, o Museu do Recolhimento dos Humildes, em Santo Amaro da Purificação, reabre suas portas no próximo dia 7, às 17h, com mostra da exposição permanente.

Equipes técnicas do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – Ipac, reformaram telhado, esquadrias, forros, fizeram a pintura externa e interna e a limpeza do prédio, além da restaurar o valioso acervo.

Ana Liberato, diretora de Museus do Ipac, afirma que o instituto sela o compromisso assumido de atender os anseios da comunidade santoamarense e da Congregação à qual pertence acervo, tombado pelo Iphan em 1994.

Sediado na capela principal do Recolhimento e anexos, o museu possui um acervo composto de prataria, mobiliário, cristais, porcelanas, paramentos, alfaias (objetos litúrgicos) e imagens, em especial aquelas com ricos trabalhos de ornamentação, a exemplo da imagem sacra da Divina Pastora e do menino Jesus do Monte, além de painéis de azulejo dos séculos XVIII e XIX.

Histórico

O Recolhimento de Nossa Senhora dos Humildes, fundado em 1809, pelo padre santoamarense, Inácio Teixeira dos Santos Araújo, surgiu a partir da construção, em 1793, de uma capelinha para louvar Nossa Senhora. Esse Recolhimento, único no interior da Província, tinha como finalidade social abrigar senhoras pias, viúvas, meninas órfãs, servas, escravas, pensionistas, filhas de senhores de engenho e meninas de destacadas famílias das redondezas e até de outros estados, que ficavam confinadas enquanto seus pais e maridos viajavam, ou como forma de punição por atos indevidos.

Em 22 de setembro de 1817, D. João VI concedeu licença pra funcionar como estabelecimento de educação do sexo feminino – que permanece em funcionamento até hoje. As meninas “recolhidas”, eram educadas nos princípios religiosos, limitando a aprendizado ao ensino das primeiras letras e das artes domésticas (costura, bordado, renda, artes musicais, preparo de doces, licores e vinhos finos) para direção de lares futuros.

Acervo

Nas dependências do museu se destaca a raridade e perfeição do seu acervo. São 493 peças (102 imagens, 102 pratarias, 33 de mobiliário, 9 de jóias, 48 de cristal, 69 pinturas, 19 porcelanas, 76 de indumentária e 42 fragmentos). As peças de origem e materiais diversos nos aproximam da emoção de seus criadores. Os azulejos existentes na igreja são todos de origem portuguesa, dos séculos XVIII e XIX, além de talhas, colunas, forros.

O artesanato produzido pelas freiras da Congregação de Nossa Senhora dos Humildes é único no mundo, todo ele fabricado com asas de besouros, folhas de ouro, pedras preciosas. As rendas e os bordados são incomparáveis, produzidos até hoje manualmente.

Outra singularidade é o carrilhão composto por sete sinos, que contém a escala musical, e é ouvido diariamente na hora do Ângelus. As pinturas, objetos de opalina, e ourivesaria, entre outros estimulados pelo gosto artesanal, guardam uma inspiração permeada pela marca da originalidade, possibilitando o exercício da religiosidade expressada em várias tendências artísticas.