“Nada mais justo que anunciar, no Dia da Cultura – comemorado hoje (5) – uma programação de celebração à cultura negra, reverenciando a luta do povo negro, uma luta diferente, com raça e beleza, uma luta desarmada, que foi obrigando o Brasil a se reconhecer também negro”. A afirmação foi feita pelo secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles, no lançamento hoje pela manhã, na Biblioteca Pública do Estado (Barris), de uma série de ações que acontecerão durante todo o mês da Consciência Negra.

A programação começou logo após o seu anúncio, com o seminário sobre “Literatura Afro-Brasileira: Cultura, Identidade e Resistência”, na Biblioteca Central, seguido de construção de textos literários de poetas afro-descendentes. Estão previstas também, a assinatura de decretos de políticas públicas para a população negra, a entrega do Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial, jornadas de literaturas em comunidades remanescentes de quilombos e em terreiro de Candomblé, audiência pública do Programa de Combate ao Racismo Institucional, além de uma série de atividades artístico-culturais, encerrando o mês, com um show musical em Cajazeiras, na Praça da Revolução, no dia 30.

Estado negro

“Pela primeira vez o Estado se junta à luta dos movimentos sociais ao desenvolver políticas públicas que reconheçam e respondam às demandas do movimento negro”, disse o secretário estadual da Promoção da Igualdade, Luiz Alberto dos Santos, no lançamento do Mês da Consciência Negra. Segundo ele, “a Bahia é a sexta maior economia do país e o Estado mais negro. No entanto, a população negra “é a principal base e vítima dos piores indicadores sociais do estado, situação que vem desde o período escravista e que ainda não terminou”.

Na do secretário, “é importante transformar os debates e as ações que acontecem durante este mês para a melhoria da vida das pessoas”. Ele ressaltou entre as ações governamentais, a assinatura do Termo de Cooperação entre as secretarias estaduais da Promoção da Igualdade e da Educação para implementação da Lei 10639/03, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas.

O subsecretário municipal de Reparação, Antonio Cosme, anunciou também o lançamento do Selo da Diversidade Étnico-Racial, do mapeamento dos empresários e empreendedores afro-descendentes e do site com o mapeamento dos terreiros de Candomblé.

Como um dos organizadores da programação do mês da Consciência Negra, o diretor da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro, destacou as atividades em defesa dos Quilombos, em fortalecimento à batalha travada pelas comunidades quilombolas para garantir as terras herdadas de seus antepassados.

“Este é o mês de lembrarmos o protagonismo do povo negro como uma das matrizes civilizatórias da formação do povo brasileiro”, disse o professor Castro, anunciando a realização do seminário “Quilombos: história e experiências negras”, amanhã (6) – com transmissão ao vivo pela Internet, no site www.fpc.ba.gov.br -, o lançamento de livros de autores afro-descendentes, as Segundas de Literatura Negra, e ainda as jornadas de literatura nos quilombos de Ilha de Maré, Pitanga dos Palmares (Simões Filho) e Centro de Caboclos Sultão das Matas (São Gonçalo).

Todas as ações do mês da Consciência Negra são resultado de uma parceria entre o Governo da Bahia, (secretarias de Cultura e da Promoção da Igualdade), e a Prefeitura de Salvador (Secretaria Municipal da Reparação).