A historiadora e doutora em Educação, Vanda Machado, faz palestra sobre O Lugar do Negro na Cultura, na Arte e na Ciência, amanhã (23), às 17h, no Forte Santo Antônio, em Salvador. O evento integra a programação da Semana da Consciência Negra da Secretaria Estadual de Cultura. Na oportunidade, ela fala também sobre o projeto Irê Ayó, voltado à formação de multiplicadores para a inclusão da cultura afro-brasileira nas escolas.

“Um dos pressupostos do Irê Ayó (que em iorubá significa ‘caminho de alegria’) é de que nunca é tarde para buscar aquilo que ficou para trás”, explicou Vanda Machado. Segundo ela, um dos objetivos é pensar a África a partir de princípios legados pelos ancestrais, mostrando aos educadores como a herança cultural de matriz africana pode ser trabalhada também nas salas de aula.

O projeto está sendo desenvolvido por Vanda Machado na Secretaria de Cultura. “O objetivo é contribuir para a formação de educadores na operacionalização das diretrizes curriculares nacionais, para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana”, declarou Vanda Machado.

Uma das metas, disse, é fazer valer a Lei 10.639, assinada em 2003 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que determina a inclusão da cultura e da história da civilização africana nos currículos escolares de todo o país.

Irê Ayó nos municípios

O projeto começou a ser implantado em Valença, Tancredo Neves, Taperoá, Nilo Peçanha, Cairu, Wenceslau Guimarães, Piraí do Norte, Ituberá, Maraú, Camamu, Igrapiúna, Irecê, São Gabriel, Presidente Dutra, Itabuna, Itacaré, Ilhéus, Ubaitaba, Coaraci e Salvador.

Na capital, ele teve início em 1998, na Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, localizada no Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, onde são atendidas 350 crianças do bairro de São Gonçalo e adjacências, mantendo hoje parceria com a Secretaria de Cultura.

No interior, o Irê Ayó já capacitou 194 multiplicadores, responsáveis em difundir a proposta entre os municípios de cada território. No baixo sul da Bahia, os grupos de Valença e Ituberá estão se preparando, por exemplo, para levar o projeto a 14 municípios, numa parceria entre a Secretaria de Cultura, Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul (Ides), Associação dos Municípios do Baixo Sul (Amubs) e prefeituras.