Do ritmo certeiro dos tambores do afoxé Filhos de Gandhy, evocado por Ernst Widmer, à ousadia de Ludwig van Beethoven, a Orquestra Sinfônica da Bahia apresenta, amanhã (21), às 20h30, na Sala Principal do Teatro Castro Alves, um inusitado concerto integrando a série Nossos Músicos. No mesmo dia, das 9h45 às 12h45, acontecerá também na Sala Principal, um ensaio geral com abertura franca para o público.
Conduzido pelo regente convidado, Roberto Tibiriçá, o concerto faz uma homenagem aos 80 anos de nascimento do compositor suíço Widmer (1927-1990). O repertório mostra sua obra “Possível Resposta-De Canto em Canto II, opus 169”, protagonizada pelo tradicional bloco baiano, e a emblemática Sinfonia nº 7 em lá maior, opus 92, de Beethoven. Os ingressos custam de R$ 5 a R$ 40 com uma cota de 200 distribuídos, gratuitamente, para menores de 18 anos.
Composta especialmente para a Osba e o afoxé Filhos de Ghandy, Possível Resposta – De Canto em Canto II, opus 169, uma das principais obras de Ernst Widmer, teve estréia mundial em 17 de agosto de 1988 no Teatro, sob regência do próprio compositor.
Na escrita do suíço Widmer, seus tambores somam-se aos bemóis e sustenidos da partitura, resultando na opus 169. Com esta obra, Widmer deixa o sentido abstrato e aposta nos matizes regionais legando um repertorio definitivamente autoral. Em sua longa trajetória pelo território baiano, Widmer foi ainda membro fundador do Grupo de Compositores da Bahia (1966), e da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, (1971).

Gandhy e Tibiriçá

Fundado por estivadores, o bloco Filhos de Gandhy traz a tradução da religião africana ritmada pelo agogô nos seus cânticos de ijexá na língua yoruba. Além das vestimentas brancas, seus integrantes utilizam turbantes, perfume de alfazema e colares azul e branco, conhecidos por “colar dos Filhos de Ghandy”, oferecidos para os admiradores com os ensejos de paz. Nos 58 anos de criação, tornou-se o mais famoso e o maior dos afoxés da Bahia, contando atualmente com cerca de 14 mil integrantes.
O premiado maestro Roberto Tibiriçá, um dos mais destacados da cena nacional, é pianista de formação, atuou com o legendário Eleazar de Carvalho (1912-1996) por mais de 15 anos e foi fundador da Orquestra Nova Sinfonieta, que chegou a acompanhar Luciano Pavarotti, e da Orquestra de Câmera Da Capo, formada por músicos conceituados do País. No concerto com a Sinfônica da Bahia, Tibiriçá traz influências técnicas e interpretativas dos pianistas Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Nelson Freire, entre outros, e do próprio Eleazar de Carvalho para conduzir a Sinfonia nº 7, de Beethoven, considerada, por alguns críticos, a mais intensamente poética de todas.