Oportunidade de negócios, fortalecimento da indústria náutica, popularização das velas na navegação da Baía de Todos os Santos. Qualquer que seja o enfoque, há sempre um ganho a considerar quando uma regata internacional aporta em Salvador, como a Jacques Vabre.

A chegada do barco campeão, o Groupama 2, tripulado por Steve Ravussin e Franck Cammas, atiçou mais uma vez, todas estas possibilidades que dinamizam economia e cultura baianas. A Regata Jacques Vabre traz 57 dos veleiros mais velozes para a Bahia.

O velejador Ravussin já esteve em Salvador nas duas vezes anteriores em que conquistou o título desta mesma competição, considerada para a vela mundial o equivalente à Fórmula 1, exceto os componentes de poluição do automobilismo.

Com a mesma velocidade de até 40 nós, ou 74 quilômetros por hora, Ravussin pretende também reencontrar os amigos que deixou em Salvador nas três vezes anteriores nas quais disputou e venceu a regata mais importante da vela internacional.

Ele gosta de muitos cartões-postais, mas seu encantamento é com a Terça da Benção, a festa realizada no Centro Histórico a cada noite de terça-feira. “Culturalmente é muito rica, porque as pessoas ficam muito soltas e dá para se divertir bastante”, disse.

INCREMENTO

O francês não quer programar visitas a locais consagrados pelo turismo, como Praia do Forte e a Chapada Diamantina. A idéia dele é percorrer as ilhas, em veleiros bem menos que o gigante trimarã com o qual ganhou com folga o título da regata.

Parceiro de navegação, o francês Franck Cammas não indica nenhuma indisposição pós-regata, mesmo tendo percorrido 4,2 mil milhas náuticas em pouco mais de dez dias consecutivos.
Sua idéia é arrumar um veleiro menor, conferir onde tem vento e boas condições de onda, e voltar a entregar-se ao prazer. “Sei que a Baía de Todos os Santos é uma das mais belas e navegáveis, e não quero desperdiçar nada, descansando”, afirmou Cammas.

A dupla campeã está hospedada em Stella Maris, mas pretende programar alguns passeios pelas ilhas mais conhecidas pelos velejadores aventureiros. A idéia é escapar de locais que já vêm sendo visitados com mais freqüência.
O entusiasmo de Cammas e Ravussin pela Baía e a vela amplia o otimismo dos gestores do governo e da prefeitura interessados em fazer do circuito de regatas um atrativo para investimentos e o incremento do turismo.

PRÁTICA

A programação turística da dupla de velejadores animou o coordenador de Atrações de Investimentos Internacionais da Secretaria das Relações Institucionais, Dan Hernane. “Esse pessoal que chega tem alto poder aquisitivo”, afirmou.

Hernane não tem cálculos tão precisos quanto os que são divulgados, mas está certo das vantagens para Salvador receber uma regata deste porte. “Cada embarcação gera mais divisas que a fabricação de um automóvel”, compara.

O coordenador concorda com a direção do planejamento estratégico do governo da Bahia, no sentido de fazer o Estado fortalecer sua imagem enquanto destino turístico. “São mais de 100 horas na mídia na Europa, divulgando este evento”.

Para se ter uma idéia da importância da vela para a economia mundial, estima-se que cerca de 32 mil veleiros estão, no momento, viajando em redor do planeta, viabilizando a geração de sete empregos por barco construído.

A frota brasileira, hoje, está em torno de 53 mil barcos de esporte e lazer acima de 14 pés, o que garante a criação de 117 mil empregos diretos em lojas náuticas, marinas, cursos, clubes e oficinas, segundo dados oficiais.