A direção do Colégio Estadual da Bahia (Central) anunciou que serão adotadas, a partir de segunda-feira (12), as medidas para minorar os prejuízos dos alunos que não vinham tendo aulas desde o começo do ano letivo, em algumas disciplinas. As turmas, que eram compostas por número insignificante de alunos, serão extintas e seus componentes transferidos para outras que vêm tendo acesso aos conteúdos normais. Serão 27 turmas a menos – seis pela manhã, seis pela tarde e 15 à noite. A iniciativa é denominada de enturmação.

A direção do colégio não quer mais turmas sem professor, nem só com alunos, como era o caso da 13ª turma de segundo ano do período matutino, 2M13. “Por não ter alunos, não poderia constar como turma efetiva”, explica o diretor do Central, Jorge Nunes. Os 86 alunos que eram distribuídos em 15 turmas de primeiro ano, no período da noite, poderiam ser acomodados em apenas duas turmas, explicou Nunes.

Além desses problemas, a atual direção do colégio, que assumiu em julho deste ano, verificou não haver ainda um horário definitivo de aulas e que, em pelo menos 45 das 108 turmas, faltavam professores de uma a quatro disciplinas. Verificou-se ainda que dos 4.770 alunos matriculados e registrados em caderneta escolar, no início do ano letivo, apenas 2.633 freqüentavam regularmente as aulas.

As opiniões entre o alunado são díspares, mas há um clima de desconfiança e incerteza comum. A aluna do segundo ano (2V1), Jéssica Carvalho, 19 anos, não vê problemas na enturmação, ao contrário da colega, Bianca Camille, 16, que acredita na possibilidade de prejuízos com a mudança de professores, a dois meses do final do ano letivo, que vai até 18 de janeiro. “Além disso, podemos não nos adaptar à forma de ensinar de um professor”, explicou Bianca.

Diante dos alunos, o diretor ponderou que, “às vezes, para arrumar a casa, é preciso que se desarrume o que se vê então organizado”. Ele aponta dois lados da questão – os alunos sentirão a alteração na dinâmica, o que não se pode projetar com exatidão, mas, em contrapartida, todos os estudantes terão condições de assistir a todas as aulas já que os professores não mais faltarão em qualquer disciplina. O aluno do primeiro ano, Jeferson Gomes Santos, 20 anos, entende que não haverá prejuízos para os alunos. “Às vezes entram estagiários para substituir professores e a gente se acostuma. E os professores daqui nós já conhecemos”, explica.

Redistribuição

O que se verificou no Central, quanto a falta de docentes em algumas disciplinas, não foi a insuficiência de quadro, mas uma má distribuição decorrente de má gestão administrativo-pedagógica. O colégio possui 137 professores, número que excede à necessidade real de professores para as turmas. “Necessitamos de 108 professores”, disse Nunes, ressaltando que não haverá dispensa de professores.

Ele pede aos 29 professores que ficarão sem turma, a permanência no Central para oferecer aos alunos atividades que minimizem os danos pedagógicos, considerados “irreversíveis”. “Os professores podem oferecer cursos de recuperação paralela, reforço escolar e de leitura e produção de texto. Precisamos trabalhar em conjunto, confiando que não haverá perda financeira ou de salário em hipótese alguma”, reforçou.

Ele enfatizou ainda que é obrigação da escola dar condições para que o aluno tenha, ao final do ano, todas as notas das disciplinas em seu histórico escolar. “Estamos agindo para minorar o dano. O aluno terá a dependência como uma opção no ano seguinte”, argumentou. Sobre a possibilidade de os professores do Central paralisarem as atividades, na segunda-feira, ele ponderou que “é fundamental garantir aos alunos o direito de estudar”.

O superintendente de Recursos Humanos da SEC, Carlos Sodré, enfatizou que a obrigação de administrar a escola cabe ao diretor e aos vice-diretores. “Em função de uma gestão equivocada anterior, o Central chegou a isso. E é preciso que os professores se integrem aos projetos para a revitalização da escola”, disse o superintendente.