O auditório da Escola Parque, no bairro da Caixa d’Água, ficou lotado hoje (6), durante a aula inaugural dos cursos de moda e confecção afro, estética e formação de recepcionistas, voltados a estudantes da rede estadual em Salvador. Os beneficiados serão 500 jovens moradores dos bairros de Paripe, Águas Claras, Arenoso, Uruguai, Santo Inácio, Liberdade, Lapinha e Parque São Cristóvão.

A ação é fruto dos projetos Didá Alamojú: Escola da Sabedoria e Ciranda Educativa, assinados entre a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), via Programa Jovens Baianos, e as entidades Núcleo Omidudú Artes e Sociedade Hólon.

“Sem investimento na juventude, a gente não consegue transformar a sociedade. Recursos estão sendo investidos para que haja uma mudança radical na política pública voltada aos jovens”, disse a superintendente de Inclusão e Segurança Alimentar da Sedes, Ana Torquato. Ela afirmou que mais de R$ 18 milhões estão sendo investidos em ações para o segmento, desde o segundo semestre deste ano até dezembro de 2008.

Além do cuidado com os jovens, o projeto conta com o monitoramento das famílias, que ficará a cargo da Sociedade Hólon. A entidade disponibilizará atenção psicossocial para os familiares dos jovens, encaminhando-os para os órgãos que prestam serviço de assistência social.

‘Iniciativa legal’

“Acho a iniciativa legal, porque dá mais chances para os jovens. Para mim vai ser bom, porque minha família também vai participar. Querem ajudar o jovem, mas muitas vezes não se sabe o que acontece dentro de casa”, desabafou Bárbara Rocha, 17 anos, inscrita no curso de moda afro.

“Nossa intenção é diminuir a evasão escolar, que é causada por diversos motivos de vulnerabilidade social, desde restrição alimentar à falta de renda das famílias. Essa situação obriga os jovens a trabalhar em tempo integral para o sustento familiar”, explicou a assistente social da Sociedade Hólon.

O diretor do Núcleo Omidudú Artes, Bartolomeu Dias, informou que, para continuar no curso, os jovens devem estar freqüentando as aulas. “A proposta é inovadora. O processo em que eles ingressam não é só para a formação profissional, mas também social e pessoal. Também educamos para a vida”, disse.

O evento foi encerrado com apresentação do Grupo de Teatro Omidudú Artes. A peça tratou de temas ligados às questões raciais e à necessidade de o jovem negro e pobre se apoderar de conhecimento e consciência política para exigir seus direitos e construir seu próprio destino.