Berço do samba-de-roda, o Recôncavo uniu ontem (21) suas vozes em prol da educação baiana. Trata-se da Conferência Regional da Educação, que reuniu representantes da sociedade de 18 municípios ligados às diretorias regionais (Direcs) de Cruz das Almas e Santo Amaro para discutir e fazer propostas para a construção da política estadual da educação.

Também a cidade de Feira de Santana se debruçou sobre a educação, reunindo mais de 500 pessoas na abertura de sua conferência regional. No total, os encontros tiveram a participação de 1.500 pessoas.

Esta é a primeira vez que representantes dos segmentos ligados direta ou indiretamente à educação são convocados a participar da construção de uma política educacional para o estado. A idéia é que os principais atores ligados à temática possam discutir e propor soluções para obtenção de melhores resultados na área.

Professor das redes municipal e estadual de Cachoeira, o economista José Magno dos Santos Barbosa disse estar ali por considerar que a participação popular é a base de tudo. “Na educação não deve ser diferente. É necessário que as decisões sejam tomadas a partir da base, para que a política do governo seja alicerçada na vontade do povo. Espero poder contribuir de alguma forma nesse processo”, afirmou.

A diretora do Colégio Polivalente Monsenhor Luiz Ferreira Brito, em São Sebastião do Passé, Neilda Gonçalves, destacou que a conferência é o verdadeiro caminho para o exercício da democracia. “As políticas públicas não podem vir de cima para baixo. A conferência reúne profissionais de todos os segmentos e sistemas e abre espaço para ouvir a realidade e as experiências de cada um. Espero que esta não seja a única”, observou.

Em Cruz das Almas, a mobilização também foi grande. Centenas de pessoas foram ao Cruz das Almas Clube participar do debate e levar a sua contribuição para a melhoria da educação pública.

Este é o caso da professora e vice-diretora do Colégio Estadual Padre Alexandre de Gusmão, no distrito de Belém, município de Cachoeira. Para ela, este é um ato inovador. “Tenho mais de 20 anos de Estado e nunca vi acontecer algo assim. O governo aceitou convocar todos os segmentos para construir a educação da Bahia. Diretores, professores, pais, alunos, todos têm uma opinião a dar”, afirmou.

Apresentações culturais

Em Feira de Santana, a abertura do evento foi marcada por apresentações culturais dos 25 municípios que integram a Direc 2. Prevista para as 19h, logo cedo a multidão foi chegando e se espalhando pelas instalações do Centro Cultural Amélia Amorim.

Professora da Associação Beneficente de Proteção à Juventude, em Conceição do Jacuípe, Maria do Carmo Brito se sentiu na obrigação de participar. “É a melhor coisa que podia ser feita. Juntos, teremos oportunidade de opinar e contribuir para que o governo faça o melhor pela educação”, ressaltou.

Foi justamente por saber que naquele espaço teria oportunidade de expor suas idéias que a estudante da 7ª série do Instituto de Educação Gastão Guimarães, em Feira, Bárbara Maria de Araújo Marques, não perdeu a oportunidade de comparecer. “Precisamos lutar pelos nossos direitos. Precisamos promover mais encontros como este. Não podemos viver na era da exclusão”, disse.