Uma nova edição da “Série Diálogos” da Secretaria da Educação do Estado (SEC), aconteceu, hoje (7), com a realização da videoconferência “Educação Profissional Integrada à Educação Básica: Concepção e Mudanças no Mundo”, que discutiu a necessidade do trabalho ser valorizado nas escolas, como princípio educativo.
Diante da platéia de professores e técnicos reunidos no Instituto Anísio Teixeira, em Salvador, e nos auditórios de retransmissão do interior do estado, o professor Gaudêncio Frigotto, uma das maiores autoridades no assunto, no Brasil, apresentou um panorama das relações entre trabalho e educação na sociedade brasileira.
Segundo explicou, uma história marcada por relações de senhorio e escravidão explica, muito, sobre as concepções que predominam até hoje dentro da sala de aula – o trabalho é para aqueles sem oportunidade e os estudos para os que têm melhores condições. O equívoco é histórico.
“Não é justo educar desde a infância com a idéia de que o trabalho pesado é para alguns. Nossa sociedade passou séculos e séculos com a concepção de que existem seres superiores aos outros. Os escravos eram considerados instrumentos de produção, como o boi e o arado. No entanto, é dever de todo mundo contribuir para a existência e nenhuma sociedade existe sem trabalho”, enfatiza Frigotto.
Com a experiência de 30 anos na área, autor de mais de 20 livros e professor das universidades estadual e federal do Rio de Janeiro, Frigotto aponta para outra direção e propõe uma educação que ofereça ao aluno o que chama de base, capaz de prepará-lo para o mundo do trabalho, para a cidadania e para as constantes adaptações da contemporaneidade.
As idéias do professor Frigotto vão ao encontro da nova concepção de escola do governo. “Queremos fortalecer a educação básica para que possa oferecer ao aluno cidadania, cultura geral, ciências, tecnologia e trabalho. Não existe uma boa educação profissional sem um ensino básico de qualidade”, afirma o coordenador de Educação Profissional da SEC, Roberto Melo. Em contrapartida, o trabalho, como princípio educativo, deve contribuir também para mudar a baixa aprendizagem no estado, que detém alguns dos piores Índices de Educação Básica (Ideb) do país.
“Discutir a integração entre a educação básica e profissional não é muito fácil numa rede que quase extinguiu esta modalidade nos últimos quinze anos”, admite Melo. Atualmente, enquanto há mais de 700 mil alunos de ensino médio regular, o número de matrículas na educação profissional não ultrapassa a marca de 7 mil.