O programa de microcrédito CrediBahia Cultural – voltado, inicialmente, para profissionais da área de cultura que moram ou trabalham no Pelourinho e adjacências – promete dinamizar a economia da cultura na região. Ao lançar a nova linha de financiamento, hoje (22), o secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles, afirmou que o Governo da Bahia “está apostando na autonomia do produtor cultural, com capacidade de gestão para viabilizar seu sonho e transformá-lo em negócio, com possibilidade de gerar emprego e renda”. Disse ainda que este é mais um mecanismo de fomento à cultura, que vem complementar aos já existentes, como os editais, o Fazcultura e Fundo de Cultura.

A iniciativa, pioneira no Brasil, é resultado da parceria entre a Secretaria de Cultura da Bahia, a Desenbahia, a Prefeitura de Salvador e o Sebrae e tem como objetivo viabilizar negócios na área da cultura por meio de empréstimos obtidos de forma ágil e sem burocracia. A agência piloto começou a funcionar logo após a inauguração, na Rua Frei Vicente, nº 4, Pelourinho. Os limites de crédito vão de R$ 200 a R$ 5 mil, no caso de investimento fixo, e de R$ 200 a R$ 3 mil para capital de giro. Os prazos variam de seis a 12 meses a depender do tipo de crédito concedido, com taxas de juros de 1,8% ao mês e 1,5% na renovação.

“Esse microcrédito é um anseio da comunidade do Pelourinho há muito tempo”, disse Jussara Santana, artista e moradora do bairro, ressaltando que “é importante que chegue a nós artistas e produtores sem burocracia”. A produtora Ângela Rabelo, por exemplo, disse que já está de olho no financiamento para “produzir um site destinado à divulgação da cultura baiana no exterior, especificamente para a Alemanha, Suíça e Áustria”.

“O ineditismo do financiamento específico para a cultura vai possibilitar aos produtores culturais, que vivem, moram e trabalham no Pelourinho, amplificar seus negócios”, afirmou o presidente da Desenbahia, Luiz Alberto Petitinga, lembrando que o microcrédito cultural integra a linha de financiamento CrediBahia já adotada pela agência para atendimento a outras áreas da economia baiana. O Sebrae também é parceiro do projeto e, segundo o diretor Paulo Manso Cabral, “vai apoiar os empreendedores culturais na capacitação gerencial para alcançar maiores resultados”.

Para o presidente do Sindicato dos Artistas, Fernando Marinho, “o microcrédito cultural vai contribuir para viabilizar fazeres e saberes que dependem de um pequeno recurso e cujo resultado, muitas vezes, pode ter um efeito multiplicador e até vir a ser um símbolo mundial”. Sua expectativa, no entanto, é que o crédito seja ampliado tanto espacialmente, “para todo o Estado”, como em valor, “com abertura de médio e macro crédito, pois o mercado cultural é profissionalizado e tem condições de oferecer todas as garantias legais de mercado”.

Concentação de profissionais

Podem se candidatar ao CrediBahia profissionais autônomos com pelo menos seis meses de atividade ligada à cultura, no Centro Antigo e/ou nos bairros do entorno, a exemplo de artesãos, artistas plásticos e circenses, dançarinos, cartunistas, compositores, cenógrafos, costureiras, desenhistas, escritores, fotógrafos, programadores visuais, músicos e estilistas. Mais informações sobre o CrediBahia Cultural pelo telefone (71) 3116-6636, no site www.cultura.ba.gov.br ou via e-mail credibahiacultural@cultura.ba.gov.br.

Vale destacar que a escolha do Pelourinho para o lançamento do programa piloto microcrédito CrediBahia Cultural se deveu à elevada concentração de profissionais da área cultural. Entre a população que reside e trabalha no Centro Histórico, 26% são artesãos, 20% artistas plásticos, 12% músicos, 10% atuam com cultura étnica e 6,5% com moda. As informações são de pesquisa realizada pelo SEI/Ufba entre 2005 e 2006, que identificou o perfil da economia da cultura na região, que gira em torno do artesanato, artes plásticas, música, cultura étnica, moda, turismo cultural e comércio (desde lojas de artefatos turísticos ao comércio de bebidas e alimentos).

A pesquisa também registrou, na região, a concentração de equipamentos culturais da cidade de Salvador – 22 conventos e igrejas, 16 edifícios patrimoniais históricos (incluindo o Elevador Lacerda e o Forte Santo Antonio), 15 museus, 9 fundações, 5 teatros e cinemas e 4 bibliotecas. A área pesquisada do Centro Histórico vai de São Bento ao Santo Antonio, estando o Pelourinho no centro.