Luto de três dias, interdição do Estádio Octávio Mangabeira (Fonte Nova) e apuração dos fatos. Estas são as primeiras medidas anunciadas hoje (26) pelo governador Jaques Wagner durante visita ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde ainda estão internadas duas vítimas do acidente ocorrido ontem na Fonte Nova. Acompanharam o governador na visita o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e os secretários do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos, e da Saúde, Jorge Solla, entre outros.

Segundo o diretor-geral do HGE, Antônio Porto, deram entrada no hospital 32 pacientes, em função do acidente – 16 com ferimentos menos graves foram transferidos para outras unidades. Dos 16 que ficaram no HGE, um morreu ainda na noite de ontem, completando sete mortes – seis no local do acidente.

Onze pacientes receberam alta na noite de ontem e outro na manhã de hoje. Dois ainda estão em observação, mas não correm risco de morte. Porto afirmou que pode haver outros feridos, que não passaram pelo HGE.

“Em primeiro lugar, estamos prestando solidariedade às vítimas e seus familiares. Vou visitar, junto com o ministro, o estádio, para ver o que aconteceu”, disse Wagner. Para ele, a interdição da Fonte Nova é uma medida fundamental, para que seja feita uma análise das suas condições.

O governador declarou que a Fonte Nova recebeu reformas recentes, orientadas por laudos técnicos e que davam condição de funcionamento ao local e se referiam a sanitários, reboco, questões que foram trabalhadas. “Por isso liberamos aquela área. Considero o acidente uma fatalidade. A estrutura não resistiu e estamos esperando a apuração”, explicou.

Demolição

Wagner observou que ainda é cedo para se falar em demolição da Fonte Nova. “Não gosto de tirar conclusões no calor da emoção, com sete pessoas mortas e famílias enlutadas”, afirmou. Ele lembrou que a hipótese da construção de um novo estádio já estava sendo trabalhada, mas não irá decidir por causa do acidente. “A interdição é para isso. Vamos fazer um estudo para saber se a estrutura está comprometida. Se estiver, não teremos outra solução, vamos demolir. Caso contrário, vamos ver o que será feito”, argumentou.

Segundo o ministro dos Esportes, o fato é muito grave e a sua presença em Salvador mostra que o governo federal está próximo ao governo da Bahia nessa hora. “O governador já tomou medidas para apurar as responsabilidades e evitar novos problemas. É preciso ter serenidade e esperar o laudo, pois qualquer especulação que defina responsáveis sem precisão não ajuda nesse momento”, disse.

Ele informou que a Bahia apresentou para a Copa do Mundo de 2014 um projeto para construção de um novo estádio ou da reforma total do Octávio Mangabeira. “É um estádio muito importante para o futebol brasileiro e as instalações têm que ter toda a segurança para que o evento seja realizado sem nenhum sobressalto. Com o ocorrido será necessária uma apuração técnica”, destacou.

O secretário da Saúde agradeceu a todos os profissionais que se envolveram na ajuda às vítimas, muitos dos quais, afirmou, não estavam de plantão, mas atenderam ao chamado para dar assistência. “Todas as equipes do Samu, do Salvar e as direções dos hospitais estiveram presentes acompanhando e dando o suporte necessário”, elogiou.
Solla disse que houve um excedente de profissionais para atender a toda a demanda causada pelo acidente. “Reforçamos as equipes nos hospitais Ernesto Simões Filho, Roberto Santos e HGE. Também tivemos apoio dos hospitais Espanhol, Santa Izabel, São Rafael, Irmã Dulce, Santo Antônio e Manoel Vitorino”, ressaltou.

Invasão do campo

O governador afirmou que não se deve relacionar a invasão do campo ao acidente. “No final do jogo, houve a entrada de muito mais gente, mas não vejo relação disso com o acidente. A entrada desordenada de alguns torcedores causou outros problemas, com mais gente machucada. Entretanto, o acidente mais grave foi em função da fatalidade da arquibancada”, avaliou.

Wagner disse que está esperando um levantamento do número de policiais que trabalharam no jogo, mas acredita que eram 482 PMs. “De acordo com a Polícia Militar, é o número que sempre se trabalhou quando o contingente de pessoas era aquele. Houve um chamamento e uma expectativa de Carnaval logo depois do jogo e isso fez uma aglomeração maior ainda do lado de fora do estádio. Mas isso tudo vai ficar esclarecido após o levantamento”, declarou.