Ao tomar conhecimento da “Operação Jaleco Branco”, realizada pela Polícia Federal em três estados na manhã de hoje (22), que resultou na prisão de16 pessoas, somente em Salvador, o governador em exercício, Edmundo Pereira, avalizou a ação da PF, ressaltando que a instituição tem prestado relevantes serviços ao país, combatendo irregularidades envolvendo recursos públicos.

Conforme ele, o trabalho da PF é legítimo, respaldado em investigações criteriosas e com total apoio da Justiça. Pereira salientou ainda que as prisões efetuadas são resultados desse trabalho e evitou comentários sobre o envolvimento de pessoas de destaque no cenário político e empresarial da Bahia.

De acordo com Edmundo Pereira, ao identificar vícios nas licitações públicas do Estado, o atual governo encaminhou todos os contratos para avaliação do Ministério Público, além de ter adotado medidas para mudar a formatação das licitações, buscando assim corrigir possíveis distorções existentes e reduzir a possibilidade de fraude.

“A determinação é estimular a livre concorrência e tornar as licitações o mais transparente possível”, salientou Pereira, lembrando que no início deste mês o governo publicou decreto neste sentido.

O secretário da Administração, Manoel Vitório, explicou que ao assumir a secretaria detectou algumas fragilidades nos processos licitatórios que apresentavam indícios de distorções. Seguindo orientação do governador Jaques Wagner, o secretário determinou estudo para alterar o modelo de licitação existente.

O grupo de trabalho formado pela Secretaria da Aedministração do Estado (Saeb) constatou que o preço inexequível (preço abaixo do mínimo estabelecido, o que torna a proposta pouco confiável para a contratação do serviço) era um dos principais fatores que fragilizava os processos licitatórios, até porque não existia justificativa plausível para explicar o cálculo do preço mínimo.

A derrubada do preço inexeqüível, a adoção de uma planilha com preços gerenciáveis e não-gerenciáveis e o pregão eletrônico formam o novo modelo de licitação pública, anunciado no início deste mês após a publicação de um decreto e instruções normativas que regulamentam a nova formação.

A primeira grande licitação nesta estrutura acontecerá no dia 29, para a contratação de serviços de limpeza na área da Secretaria da Educação. O novo formato, conforme revelou o secretário Manoel Vitório, já foi testado em 20 contratos e já resultou na redução de 20% no custo da contratação de serviços. A expectativa da Saeb é que nos grandes contratos esse percentual de economia seja mais elevado.

Operação Jaleco Branco

Cauteloso, o secretário Manoel Vitório evitou falar em irregularidades nos contratos encontrados ou fazer a conexão da ação da PF realizada hoje com a decisão em modificar a forma de licitação. “Nossa preocupação foi seguir a recomendação do governador Jaques Wagner em tornar as licitações do estado mais transparentes, seguras, garantindo a livre concorrência”, assinalou, informando que os contratos em que não foi constatado qualquer tipo de questionamento foram mantidos até a sua vigência e com prorrogação de no máximo três meses, até que fosse formatada a nova modelagem.

As investigações que desencadearam as prisões e apreensões de hoje foram iniciadas em 2005 e apontam superfaturamento de preço, formação de cartel e utilização de empresa de fachada.

De acordo com a PF, no esquema montado os acusados combinavam resultados de licitações, cooptavam servidores públicos para contratações emergenciais e se beneficiavam de contratos emergenciais repletos de vícios. Ainda de acordo com o órgão, a estimativa é que tenham lesado os cofres públicos em cerca de R$ 625 milhões.

Os presos pela ação da Polícia Federal são suspeitos de participar de uma organização especializada em fraudar contratos e licitações públicas de secretarias e outros órgãos públicos, especialmente nas áreas de segurança e limpeza. A ação da PF mobilizou 200 policiais. Foram expedidos 40 mandados de busca e apreensão e 18 de prisão. Há indícios de envolvimento de mais 100 pessoas, conforme a Superintendência de Inteligência da Polícia Federal.

Foram acusados de envolvimento políticos, empresários, servidores públicos federais, estaduais e municipais. Os mandados foram expedidos pela ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon. Os detidos foram encaminhados para a sede da PF, no bairro de Água de Meninos, onde prestaram depoimento e serão encaminhados para a superintendência da PF em Brasília.