Como parte das comemorações pelo Dia Nacional da Consciência Negra, o governo do Estado, via Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), lançou na noite de ontem (19), na Casa de Benin, no Pelourinho, a segunda etapa da Oficina de Culinária Afro-Brasileira. Durante uma semana, 40 jovens dos bairros Liberdade, IAPI e região do Centro Histórico de Salvador vão estudar a origem e o preparo do acarajé, abará, dobradinha, feijoada e rabada. O conteúdo também inclui noções de higiene na manipulação de alimentos, cidadania, direitos humanos e história do Pelourinho.
“Queremos, com essa iniciativa, capacitar a juventude negra, sobretudo. Nosso papel é criar oportunidades para esta população. Com ações desta natureza é que vamos enfrentar as desigualdades e avançar nas relações”, disse o secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, Valmir Assunção, na solenidade que contou com a presença de autoridades e representantes de entidades do movimento negro.
Emocionada, a coordenadora da oficina, Alaíde Conceição, afirmou que através das atividades, os jovens poderão conhecer o valor sagrado dos alimentos. “Aprendi com minha mãe que alimentação tem um significado especial. Muitas coisas da nossa cozinha foram herdadas dos nossos antepassados, dos terreiros de candomblé”, afirmou a culinarista, mais conhecida como Alaíde do Feijão.
Ouvindo os conselhos, Tiago Nascimento, 14, aluno da primeira etapa da oficina, reconheceu o crescimento pessoal adquirido nas atividades. “Aprendi a dar valor à culinária, isso foi muito importante pra mim”, disse o garoto, que pretende colocar o conhecimento em prática na cozinha do terreiro Tumbansé, do qual é freqüentador, no bairro Pero Vaz.

Reparação

“Existe um débito do Estado para com a comunidade negra. Precisamos reparar as desigualdades sociais e já estamos fazendo isso através da realização de seminários, oficinas, reuniões e outras ações”, disse a superintendente de Inclusão e Assistência Alimentar da Sedes, Ana Torquato, ao apresentar os investimentos doGgoverno do Estado voltados à população negra e indígena, nos últimos meses.
Segundo ela, somente este ano, os recursos destinados para a área já chegam a aproximadamente R$ 1,7 milhão. Até dezembro, os valores programados somarão R$ 5,7 milhões.
Entre as ações, está a capacitação profissional de jovens dos bairros Liberdade, Pau Miúdo, IAPI e São Caetano, em Salvador, através de parceria com a Associação Cultural Ilê Aiyê. Já os estudantes de 50 escolas da rede estadual de ensino estão sendo beneficiados com cursos de recepção, moda e confecção afro, iniciativa que também inclui as famílias em atividades sociais e culturais. Até o ano que vem, cerca de 300 pessoas serão qualificadas para o setor da construção civil em Novos Alagados, onde também estão previstas ações de inclusão digital e esporte.
Por meio da Sedes, estão sendo instalados Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) em comunidades quilombolas de oito municípios do interior do Estado. Quilombolas da região do semi-árido também serão contemplados com ações de segurança alimentar e nutricional, a exemplo da construção de cisternas para captação de água da chuva.