Quando o lixo é riqueza é tema de oficina

A oficina Lixo é Riqueza reuniu ontem (29), no auditório do Núcleo de Estudos Avançados do Meio Ambiente (Neama), ligado ao Centro de Recursos Ambientais (CRA), 54 trabalhadores da Cooperativa de Materiais Recicláveis de Camaçari (Coopmarc), empresa sediada no município e que foi adotada pela Suzano Celulose dentro do programa Parceiros do Meio Ambiente.
Apresentando um perfil do segmento em Salvador, a coordenadora da Assessoria de Planejamento da Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb), Ana Vieira, mostrou aos cooperados as desigualdades da capital, que tem quase 3 milhões de habitantes, é a terceira maior cidade do país, com uma taxa de crescimento de 1,6% ao ano e com 60% de pessoas vivendo da informalidade.
“Por isso é importante cada vez mais reduzir a quantidade de produção de lixo, reutilizar e reciclar”, disse a coordenadora. Ela informou que cada habitante de Salvador produz, em média, um quilo de lixo por dia.
Ana Vieira informou que por meio do site da Limpurb (www.limpurb.salvador.ba.gov.br) a empresa disponibiliza o acesso a 22 cooperativas de reciclagem e que todas receberam apoio e treinamento para que se estabelecessem e começassem o trabalho de reciclagem.
“Temos hoje exemplos de vários cooperados exitosos, como os da Coopmarc, que há sete anos faz reciclagem com sucesso e garante emprego para 54 pessoas”, destacou.

Garrafas pet, pneus e sofás

A coordenadora falou sobre o modelo da Eco-Ponto, cooperativa da Sementeira Bonfim que recolhe pneus em todo o estado e leva para Feira de Santana com a ajuda da prefeitura do município, transformando os resíduos em combustível. “Pneus é uma questão bem resolvida”, justificou.

Ela ressaltou a necessidade de se promover, “mais e melhor”, a responsabilidade compartilhada e contou que geralmente em novembro e dezembro a Limpurb recolhe mais de 3 mil sofás, entre outros objetos de grande volume que são descartados aleatoriamente. “Quando começa a sair o 13º salário, já imaginamos o acúmulo dos objetos que serão colocados nas ruas da cidade”, explicou.
Em contrapartida, ela mostrou várias cooperativas que trabalham com a reciclagem de garrafas pet, que são transformadas em flores, poltronas, pufes, abajures, tecidos, vassouras, entre outros objetos, gerando um bom lucro para os cooperados. “Fiquem atentos, porque durante a Lavagem do Bonfim e Carnaval muitas baianas estarão vestidas e enfeitadas com produtos reciclados das garrafas pet”, disse.

Paixão pela natureza

Afirmando à platéia que deixou de lado o curso de Publicidade e Propaganda que fazia em São Paulo nos anos 70, o comunicador socioambiental Paulo Serra, também criador do personagem Mero, que há muitos anos é publicado no jornal A Tarde, falou da sua paixão pela natureza e que a questão do lixo é abrangente, “pois envolve toda uma cultura, desde se comprar o que não é necessário, dando valor ao supérfluo e descartável, até a conscientização propriamente dita”.
“Temos que acreditar que podemos ter um mundo melhor, que colocamos filhos no mundo e que esta responsabilidade é nossa e só a consciência ambiental pode garantir para todos um lugar confortável para se viver”, destacou.
Serra contou que em 1988 literalmente entrou no lixo e a partir daí começou a trabalhar com meio ambiente, criou Mero, inspirado em Charlie Chaplin – “porque ele é mudo, como os filmes do grande artista, mas traz no seu olhar e expressões as mensagens de respeito pela natureza, e é isso que ele quer passar”.