O Brasil está predestinado a ser tornar a maior potência mundial em combustíveis limpos e renováveis e responder ao colapso da chamada “civilização dos combustíveis fósseis”, aumentando, com isso, 70 vezes o nível de renda dos brasileiros e gerando 22 milhões de empregos diretos. A estimativa foi feita pelo cientista José Walter Bautista Vidal, uma das maiores autoridades mundiais em produção de energia, ao participar, hoje (12), no Instituto Anísio Teixeira (IAT), em Salvador, da II Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Doutor em física pela Universidade de Stanfford, secretário nacional de Tecnologia, durante oito anos, e fundador do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e de outros 30 centros de tecnologia do país, Bautista Vidal não tem dúvida: “o papel do Brasil é absolutamente central no futuro da humanidade diante do colapso dos combustíveis fósseis, como o petróleo”. Segundo ele, grandes mercados como a China, a Rússia e os Estados Unidos estão ansiosos para que o Brasil resolva os problemas deles no fim da era do petróleo.

O cientista disse que o Brasil tem todas as condições favoráveis para responder à esta demanda, dentre elas, a maior reserva de água doce do planeta (24% do total), uma fronteira agrícola extraordinária, com milhares de hectares, um grande contingente de mão-de-obra ociosa e também tecnologia. “O Brasil tem todas as condições de abastecer o mundo em energias limpas e renováveis, se tornar o único país bioenergético do mundo e se transformar numa nação central na chamada civilização da fotossíntese, que vai substituir a era do petróleo, causadora de guerras, podendo levar o mundo a um 3º conflito de conseqüências apocalípticas”, afirmou Vital.

Mas, para que isso aconteça, ele advertiu que o Brasil não pode vender suas terras ao capital externo, como vem ocorrendo, em larga escala, no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Minas Gerais, caso contrário, perderá a sua soberania. “Estamos perdendo o controle do nosso solo, pela compra desenfreada de terras, principalmente pelos norte-americanos. O Iraque foi invadido com bombas. Aqui, eles invadem com dólares. A bomba provoca reação, o dólar corrompe”, observou o físico.

A II Conferência Estadual de CT&I prossegue até amanhã (13), no IAT, com a participação de representantes dos 26 Territórios de Identidade da Bahia, abrangendo os 417 municípios baianos, para ajudar a construir a política de C&T para a Bahia. A promoção é da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti).