A maior parte da água disponível no semi-árido baiano é salobra, imprópria para o consumo humano, mas muitas vezes é a única alternativa para o sertanejo matar a sede. Pioneira no país na implantação de dessalinizadores para transformação da água salgada em potável, a Cerb está lutando para modificar esta realidade. Parte desta tecnologia alternativa, pode ser conhecida, de hoje (7) a sexta-feira (9), no SAC Ambiental do Shopping Barra.

Os primeiros dessalinizadores começaram a ser instalados na década de 90 e até o momento são mais de 350 no semi-árido baiano. Nos lugares onde não há energia elétrica, a empresa utiliza energia solar para o funcionamento dos aparelhos.

Para evitar o desperdício da água e reduzir o volume do rejeito, a Cerb acoplou ao dessalinizador um chafariz eletrônico, onde o consumidor coloca uma ficha no valor de R$ de 0,10 e em troca recebe 20 litros de água de excelente qualidade. A receita arrecadada é revertida para a própria comunidade ao ser utilizada nos custos de manutenção do dessalinizador.

Nos seus 36 anos de existência, a Cerb tem se destacado pela sua atuação na área de saneamento básico e aproveitamento dos recursos hídricos, através da perfuração e construção de poços, barragens e sistemas de abastecimento de água.

A empresa tem usado tecnologias adequadas à realidade de cada região. Muitos poços tubulares quando perfurados apresentam água salobra, o que é bastante comum no semi-árido baiano, onde o solo é formado, na sua maioria, por rochas calcárias, que têm grandes quantidades de sais, que não são os mesmos encontrados no mar. Os sais são formados principalmente por cálcio e magnésio que deixam a água imprópria para o consumo humano. Os sais de cálcio favorecem a formação de pedras nos rins e vesícula.

O processo de tratamento, conhecido por osmose reversa, funciona da seguinte maneira: a água salobra é bombeada para o dessalinizador. A partir daí, passa por um sistema pré-filtro e segue para uma bomba de alta pressão. A água ganha força para passar pelas membranas, uma espécie de filtro com microporos, que retém todas as impurezas e só permite a passagem da água pura.

A água que sobra com os resíduos, os rejeitos, não pode ser jogada diretamente no solo porque causa a degradação do meio ambiente. Ela pode ser usada na piscicultura, com a criação de tilápias, originárias da Malásia, e extremamente resistentes a ambientes salinos, além do cultivo irrigado com plantas halófilas, exemplo da Atriplex, que precisam de água com teor de sal elevado para se desenvolverem.

Esses resíduos também são extremamente ricos em sais e podem ser aproveitados para fins pecuários, visto ser a região do semi-árido baiano uma das mais carentes no aspecto da mineralização.