Implantação de centros tecnológicos em todas as regiões do estado, criação de um banco de dados sobre as tecnologias existentes na Bahia e de um programa de jovens multiplicadores nos Territórios de Identidade, ampliação da rede de centros de acesso à informática, fomento para alternativas tecnológicas para o semi-árido, a região costeira e a Mata Atlântica. Essas foram algumas das propostas apresentadas pelos participantes da II Conferência Estadual de Ciência e Tecnologia, encerrada na tarde hoje (13), no Instituto Anísio Teixeira (IAT), em Salvador.

Sem nenhum tipo de restrição, o evento representou uma oportunidade ampla e democrática para agricultores, professores e estudantes das universidades, faculdades e escolas públicas, pesquisadores, sindicalistas e gestores públicos opinarem sobre as linhas de ação de C&T que desejam para a Bahia. A iniciativa foi da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).

Na avaliação do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ildes Fereira, “o evento foi muito representativo porque, pela primeira vez na Bahia, as discussões em torno da CT&I extrapolaram os muros da academia, contemplando todos os setores representativos da sociedade”.

No encerramento do evento, a plenária final apresentou as principais propostas e contribuições para integrar a política estadual de CT&I, todas elas construídas durante as reuniões de grupos temáticos de trabalho, que destrincharam os cinco eixos temáticos propostos pela secretaria.

Dentre as sugestões, destacam-se a consolidação da rede de universidades, empresas e centros de pesquisas para alavancar o desenvolvimento, de forma coerente, democrática e sustentável, o fortalecimento de pólos tecnológicos, a implantação de Centros Vocacionais Tecnológicos Territoriais (CVTT). Outra sugestão foi a transformação do Programa de Biodiesel da Bahia em política pública permanente, com o compromisso de assistir a toda a cadeia produtiva de oleaginosas e oferecer cursos de capacitação aos agricultores.

Na abertura da conferência, o governador Jaques Wagner destacou que um grande mérito do evento foi ter trabalhado com todos os 26 Territórios de Identidade, abrangendo os 417 municípios baianos e não apenas com quem milita em ciência e tecnologia, dando vez e voz à população, a maior interessada no desenvolvimento científico e social do Estado.
Espaço da diversidade

Além de auxiliar na construção da política estadual de CT&I, a conferência também foi o espaço da diversidade de culturas e de propostas. Do semi-árido à Costa do Descobrimento, passando pela Mata Atlântica e a Chapada Diamantina, toda a Bahia esteve representada no evento.

Das discussões técnicas a momentos de descontração, como a apresentação de artistas locais, que deram uma canja cantando nos intervalos dos debates, à exibição do filme “Narradores de Javé”, sobre uma população ribeirinha obrigada a deixar suas terras com a construção de uma usina hidrelétrica, o clima foi propício à interação entre os diversos territórios da Bahia. “Quero parabenizar a forma como foi conduzida a conferência”, disse, ao final do evento, o professor da Unifacs Carlos Alberto Costa Gomes, relator de um dos grupos de trabalho.

O coordenador de Agricultura da prefeitura de Mata do São João, Biase Lauria, participou da conferência com o objetivo de recomendar a inserção da agricultura familiar no processo das inovações tecnológicas na cultura orgânica, incrementando assim a renda do homem do campo.

Robô

Poderia ser Ronaldo, Nonato ou até mesmo o rubro-negro Índio, mas o desportista que chamou a atenção dos participantes da conferência foi o Axé Bot, um robô autônomo que promete ser o artilheiro da próxima Competição Brasileira de Robótica, prevista para 2008, em Salvador. Junto com outros 10 jogadores, o Axé Boat será a esperança de gols para o time de futebol montado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Para funcionar como um verdadeiro artilheiro, o Axé Bot conta com quatro computadores embarcados, que controlam a velocidade das rodas, o processamento da imagem e o controle geral do ‘atleta’. Uma câmera digital de vídeo e sensores completam sua estrutura. De acordo com o professor da Ufba, Augusto Carneiro da Costa, a competição esportiva é um pretexto para o desenvolvimento dos protótipos.

“Este robô permite a capacitação de robôs para a operação de contingência em plantas petroquímicas, inspeção de oleodutos, de plataformas de perfuração de petróleo e de linhas de transmissão de energia elétrica. Ao invés de empregar operários, que são pais de família, para estas tarefas consideradas perigosas, será possível contar com equipes de robôs autônomos”, explica.