Os riscos a que o trabalhador do sisal está exposto foram conferidos de perto pelos participantes do Seminário Segurança e Saúde: Melhoria das Condições de Trabalho no Sisal, em Retirolândia, a 240 quilômetros de Salvador. A visita ao campo de sisal abriu, hoje (23), o segundo dia da programação do encontro, iniciado ontem pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), a Prefeitura de Retirolândia e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município.

Erisvaldo Araújo, 47 anos, reflete bem o problema enfrentado pelos trabalhadores. Aos 12 anos, ele já vivenciava essa situação e, aos 19, pegava o motor para retirar o material aproveitável do sisal. “Preciso trabalhar muito pra ganhar algum dinheiro”, conta o trabalhador, que chega a ter uma jornada de 16 horas por dia em troca de R$ 100 por semana. “Se não for desse jeito, a gente ganha apenas R$ 60”, diz.

O engenheiro agrônomo da Fundacentro, Armando Xavier Filho, citou os principais riscos desse trabalho, que exige atenção redobrada. “A bota é essencial, pois nessas áreas é grande o número de cobra cascavel”, alerta. A retirada dos espinhos da ponta das folhas do sisal, antes da colheita, foi outro ponto que ele chamou a atenção. “Temos conhecimento de muitos casos em os espinhos perfuraram os olhos dos trabalhadores”.

Os cuidados no transporte das folhas do sisal e o ruído do motor, chamado de paraibana, a que o sevador – responsável pelo desfibramento da folha de sisal – está exposto, foi abordado durante a visita pelo técnico da Setre, o engenheiro de Segurança do Trabalho, Roberto Macedo. “O peso que os trabalhadores carregam no transporte das folhas e os acidentes com animais que fazem o transporte podem acarretar graves problemas de saúde”, observa. De acordo com ele, é importante o uso de protetores auriculares, pois o ruído das máquinas ultrapassa 85 decibéis, o que é recomendado para o ouvido humano.

À tarde, os técnicos da Fundacentro, João Martins e Jilney Esperidião, abordaram o tema Fatores de Risco e Medidas Preventivas para o Trabalhador do Sisal. São parceiros da Setre, na realização do evento, a Delegacia Regional do Trabalho (DRT/Ba), a Fundacentro, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhado de Conceição do Coité, a Companhia Nacional de Alimentos, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).