“Estou recebendo um presente de Natal, de Ano Novo e de aniversário. Que Deus abençoe o governo e a Conder”. A afirmação foi feita por Josefa Pereira dos Santos, uma das ocupantes do antigo Clube Português, na Pituba, enquanto acompanhava a operação de transferência de 22 famílias ali abrigadas para uma área localizada no Dique do Cabrito, em Pirajá, onde a Conder construiu casas de dois quartos, sala, cozinha e banheiro, implantando, paralelamente, serviços de infra-estrutura para oferecer melhores condições de vida aos novos ocupantes. Josefa completa hoje ,28, 61 anos de idade.

A transferência, coordenada pela socióloga Déa Fialho e pela assistente social Noélia Santana, da Conder, juntamente com o coordenador do MSTS (Movimento de Sem Terra de Salvador), Idelmário Proença, realizou-se pacificamente e começou no início da manhã, com caminhões e outros veículos disponibilizados pela empresa para os moradores concretizar a mudança.
O coordenador do MSTS festejou a decisão. “É um avanço que marca, sem dúvida, a boa vontade do Governo do Estado no enfrentamento de um grave problema social, que agora vem sendo tratado com a devida importância, a partir de um permanente diálogo entre o poder público e as comunidades”.

Ele lembrou que a entrega de 22 casas dá seqüência ao processo de realocação das 85 famílias que há quatro viviam em meio a péssimas condições de habitação no antigo Clube Português. Dessas, 32 foram transferidas para unidades implantadas pela Conder no Conjunto Vila Valéria.

Outras 31 famílias serão transferidas ainda na tarde hoje, emergencialmente, para o acampamento do MSTS, na antiga fabrica da Alfred Nordeste, na Avenida Fernandes da Cunha, próximo ao Largo de Roma, na Cidade Baixa, devendo permanecer no local até meados do próximo ano, enquanto a Conder implanta casas para abrigá-las em Valéria, Suburbana e Pirajá.
O cadastramento destas famílias foi feito rigorosamente de acordo com o tempo de sua ocupação no clube, com técnicos da empresa e a coordenação do MSTS atuando conjuntamente para assegurar transparência.

Confiante, Idelmário diz que “somente em Salvador existem 36 mil famílias cadastradas pelo Movimento para obter casas populares. No entanto, com a determinação do governo e o empenho da Secretaria do Desenvolvimento Urbano e da Conder, certamente as dificuldades serão vencidas e, em breve, o que agora se comemora poderá ser significativamente ampliado”. As unidades que foram entregues, hoje, possuem 28m², mas o MSTS acredita que as próximas terão 32m² para atender “a um desejo antigo, por muito tempo ignorado, mas que graças à sensibilidade do governo, será concretizado”.

O presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, Ubiratan Félix Pereira, acompanhou, por alguns momentos, a operação de transferência, elogiando a ordem dos trabalhos. Ele espera que, ao lado de moradias dignas agora asseguradas às famílias, se cuide, também, de oferecer condições para sua sobrevivência na área, salientando que a disposição do atual governo em atuar de forma integrada nas questões sociais garante estes avanços em benefício dos mais carentes.