A Bahia responde por 57% da movimentação de cargas do Nordeste. Este número poderia ser ainda maior se os três portos públicos existentes no estado (Aratu, Salvador e Ilhéus) tivessem um calado de grande extensão, o que permitiria a Bahia se tornar porta de entrada de grandes navios.

No estado, a carga de contêineres cresce 17% ao ano, mas a falta de condições de atender à grande demanda faz com que 681 mil toneladas de produtos baianos sejam escoadas pelos portos do Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o equivalente a 39% das cargas da Bahia. Este impasse foi tema de discussão no 3º Encontro Anual de Usuários dos Portos, realizado esta semana, no Comércio, com a presença do secretário-adjunto da Secretaria Especial de Portos, José Roberto Serra.

A valorização econômica dos portos baianos significa dar maior competitividade. Por isso o governo estadual tem trabalhado para conseguir o aporte de R$ 135 milhões – provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – para obras de dragagem de aprofundamento nos portos de Aratu, Salvador e Ilhéus.

Defesa de licitação pelo governo

O secretário de Infra-estrutura, Antonio Carlos Batista Neves, afirmou que as obras de dragagem não podem mais esperar. Ele defende que a licitação seja feita diretamente pelo governo estadual e não por meio do Plano Nacional de Dragagem – que prevê obras nos principais portos do Brasil, sendo que a empresa que ganhar a licitação ficaria responsável pela manutenção por cinco anos.

No encontro, promovido pela Associação dos Usuários dos Portos da Bahia (Usoport), Serra proferiu a palestra As Ações do Governo Federal para a Bahia. Constam da lista de reclamações dos empresários a necessidade de se construir um segundo terminal de contêineres no porto de Salvador para evitar a fuga de cargas para outros portos brasileiros e o congestionamento de navios na entrada do porto da capital.

E é exatamente neste contexto, como explicou Batista Neves, que o governo da Bahia está trabalhando. Além das obras de dragagem, explicou, os portos de Salvador e Ilhéus passarão por obras de ampliação. Na capital, R$ 150 milhões serão investidos na construção de dois berços de atracação, com retroárea e prolongamento do quebra-mar na direção norte, com profundidade de 15 metros e área de 120 mil metros quadrados.

Este novo terminal de contêineres, segundo ele, dará condições para navios acima de 300 metros de comprimento e 200 mil toneladas. O projeto está pronto e a licitação está prevista para o início de 2008.

Já em Ilhéus, estão previstos R$ 100 milhões para construção do berço de atracação com profundidade de 12 metros e implantação de retroárea de 100 mil metros quadrados.

Ainda entre Ilhéus e Itacaré, um novo porto será construído para atender à Ferrovia de Integração Oeste/Leste. O local foi escolhido por apresentar um calado natural de 19 metros de profundidade, o que não acarretará problemas ambientais, além de um sítio para retroárea grande.

O secretário informou que o novo porto, que será construído pela iniciativa privada, está a cargo da Bahia Mineração (BML) e as obras devem começar em 2008.

Construção da Via Expressa

O governo da Bahia, também através do PAC, ressaltou o secretário, investirá em outro grande projeto. Cerca de R$ 190 milhões serão destinados para a construção da Via Expressa Portuária, cujas obras devem ser iniciadas em 2008.
O projeto prevê a implantação de uma via de 5,1 quilômetros exclusiva para veículos pesados que interligará a retroárea a ser implantada nas margens da BR- 324 ao porto de Salvador.

A Via Expressa tem implantação projetada para as áreas de grande complexidade, passando pela BR-324 (Acesso Norte), Rótula do Abacaxi, Barros Reis, Largo dos Dois Leões, Estrada da Rainha, até chegar ao porto de Salvador.
Estão previstas, entre outras obras de engenharia de grande porte, a construção de viadutos e túneis, estabilização de taludes, drenagem e desapropriações. A execução do projeto acontece no início de 2008.