Fomentar a aqüicultura e a pesca do estado (terceiro na produção nacional de pescado, com um volume anual de mais de mil toneladas) com a implantação de projetos econômicos, sociais e ambientais. Este foi o foco, este ano, da Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri).

Segundo o presidente da Bahia Pesca, Aderbal de Castro, em 2007, novos investimentos foram atraídos e novas técnicas de manejo desenvolvidas. “Também a especialização dos produtores e a conscientização sobre a importância do investimento em tecnologia contribuíram para o sucesso das atividades da empresa”, afirmou.

Ele disse que existe uma dívida da sociedade baiana com o pescador artesanal. “Esse tipo de pesca, com mais de 80 mil pessoas trabalhando, entre homens e mulheres, nunca teve grandes investimentos. Mesmo assim, é um dos ramos mais produtivos do setor econômico em nosso estado, gerando renda e emprego”, explicou Castro, destacando que este ano a Bahia Pesca desenvolveu diversas ações para o fortalecimento do segmento.


Carteira para 60 mil pescadores

Com a intensificação do trabalho da Bahia Pesca, foram entregues este ano 60 mil carteiras para os pescadores profissionais, dos 71 mil cadastrados pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), do governo federal. A prioridade ficou para os que trabalham na Baía de Todos os Santos, área atingida pela maré vermelha em março.

A carteira é o documento profissional dos pescadores artesanais e industriais do Brasil, garantindo-lhes o seguro-defeso, o pagamento de um salário mínimo mensal nos períodos em que a pesca fica proibida ou no caso de fenômeno natural que impeça suas atividades. Cerca de R$ 40 milhões foram gastos com o seguro.

Doação de filhotes de peixe

Cerca de 9 milhões de alevinos (filhotes de peixe) de tambaqui, tambacu, piau, carpa e tilápia-do-nilo foram doados em 2007 pela Bahia Pesca. A distribuição dos peixes faz parte do programa de peixamento de aguadas, que é desenvolvido pela empresa para melhor nutrir as comunidades carentes e ensinar as técnicas de manejo para o melhor aproveitamento do cultivo.

A doação ajuda a devolver ao rio suas espécies naturais e assegurar a melhoria na alimentação e na renda, obtida com a venda do pescado. Os filhotes de peixe, produzidos nas estações de piscicultura da Bahia Pesca, são de espécies de fácil adaptação e de alto valor nutritivo, porque apresentam teor elevado de gordura. O excedente da produção pode ser comercializado, gerando renda extra para a população.

A iniciativa é acompanhada de treinamento dos produtores por técnicos da Bahia Pesca. Essa orientação vai desde a maneira de adequar as barragens para receber os filhotes, passando pela alimentação correta, e finalizada com a despesca, que é a colheita do peixe cultivado. São passadas em todos os peixamentos informações para a piscicultura semi-intensiva praticada na região de entrega.

A Bahia Pesca vai povoar em 2008 com 42 milhões de alevinos as barragens do estado. Com a recuperação que a empresa vem fazendo das suas estações de piscicultura, o número de alevinos reproduzidos passará de 15 para 60 milhões por ano.


Planos de fortalecimento

A empresa realizou em 2007 encontros para discutir planos de ações territoriais nas principais regiões aqüícolas e pesqueiras, visando o fortalecimento da atividade produtiva e articulando ações de avaliação, monitoramento e ordenamento pesqueiro.

Ela preparou um plano de trabalho para o fortalecimento da atividade produtiva, com destaque para o Pescados da Bahia, programa que articula um conjunto de ações, como avaliação, monitoramento e ordenamento pesqueiro, estruturação de equipamentos públicos e privados para dar suporte à produção, gestão social e capacitação para o desenvolvimento dos negócios, além de dotar os produtos das condições apropriadas para a comercialização.

Baías de Todos os Santos e de Iguape

Para fortalecer e ordenar o setor pesqueiro nas baías de Todos os Santos e de Iguape, a Bahia Pesca estruturou o Plano de Fortalecimento para a Pesca e Aqüicultura, envolvendo projetos produtivos, estruturantes e de gestão social.

O plano coloca-se como um investimento capaz de estabelecer diretrizes e ações para o desenvolvimento da atividade nos diversos territórios de identidade do estado.

O Território do Recôncavo, que envolve a Baía de Todos os Santos e de Iguape, composto por 13 municípios, possui mais de 20 mil pescadores e pescadoras que moram em cerca de 600 comunidades.

Entrega de GPS

Dentro do plano de desenvolvimento das duas baías e visando a melhoria das condições de trabalho e mais segurança durante as navegações dos barcos dos pescadores da Baía de Todos os Santos, a Bahia Pesca está entregando, até o final de janeiro do próximo ano, 294 aparelhos do Sistema de Posicionamento Global (GPS). A empresa promove um curso de capacitação para o uso do GPS aplicado à pesca.

O aparelho está sendo entregue para as principais embarcações pesqueiras dessa região, incorporando tecnologia ao setor e elevando a produtividade.


Bijupirás em tanques-rede

A Bahia Pesca está realizando o povoamento por bijupirás cultivados. Os peixes estão sendo introduzidos em tanques-rede localizados na praia da Ribeira, beneficiando as famílias de pescadores locais.

Nessa primeira etapa do povoamento, estão sendo introduzidos 865 bijupirás, em seis tanques-rede com 7,5 metros de diâmetro e dois de profundidade. A ação possui ainda mais seis tanques que serão povoados em janeiro de 2008.

A Bahia é o primeiro estado brasileiro a reproduzir o bijupirá em cativeiro, uma das espécies mais valorizadas na aqüicultura. O peixe é uma espécie de valor comercial muito significativo e ajuda as pessoas a sobreviverem por meio de uma nova alternativa de produção.

O bijupirá tem ótimo crescimento, chegando a pesar de seis a oito quilos em apenas um ano em cativeiro. Habita as regiões Norte, Sudeste e Sul, sendo mais comum no Nordeste. É um peixe de escamas muito pequenas, encontrado em superfície e meia-água. Vive em áreas costeiras e no alto-mar, podendo ser encontrado também, ocasionalmente, em águas rasas com fundo rochoso ou de recife, assim como em estuários e baías.