Organização não-governamental (ONG) que atua no Rio Grande do Norte e em São Paulo, o Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN) quer trazer para a Bahia um projeto que usa a ciência como agente de transformação social.

O IINN sinalizou ontem (3) uma parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) para o desenvolvimento de pesquisas em biomédica e para educação científica, áreas em que a instituição é referência.

Apontado pela revista Scientific American como um dos 20 líderes mundiais da ciência, o idealizador do IINN, Miguel Nicolelis, disse que a produção científica é força propulsora para o progresso econômico e social de países em desenvolvimento.

“O Nordeste tem grande potencial de criar iniciativas e transformá-las em auto-sustentáveis”, afirmou. Na reunião com o secretário baiano de CT&I, Ildes Ferreira, o cientista destacou que o apoio do governo estadual pode potencializar o projeto.

O próximo passo para o estabelecimento da parceria será a elaboração de um memorando de intenções. Representantes do governo baiano também devem visitar o ‘Campus do Cérebro’, em Natal.

“A Bahia tem muito a ganhar com um projeto desse tipo, especialmente tendo à frente um pesquisador renomado que agrega credibilidade, facilitando o ingresso de novos parceiros. Será uma ação com benefícios para as próximas décadas”, declarou Ferreira.

Entre as possibilidades, está sendo estudada a implantação da unidade do instituto no Parque Tecnológico de Salvador, o TecnoVia, beneficiando diretamente a população do bairro de Cajazeiras.

Experiência em Natal

O instituto fica no ‘Campus do Cérebro’. O complexo inclui também a ‘Cidade do Cérebro’, projeto para 20 mil moradores da periferia da capital do Rio Grande do Norte, o Parque Tecnológico Industrial e projetos sociais, como a primeira escola de ensino científico para pais de estudantes da rede pública e a clínica da mulher.

Em São Paulo, opera o Laboratório de Neurociência do Hospital Sírio-libanês.

O IINN funciona há quase três anos e congrega dezenas de pesquisadores em diversas áreas, como neurociência, fisiologia, engenharia e bioquímica.

Minicurrículo de Nicolelis

Cientista paulistano radicado há quase 20 anos nos Estados Unidos, Miguel Nicolelis, 46 anos, desenvolve algumas das pesquisas mais importantes do mundo sobre o cérebro.

Ele atua na área de fisiologia de órgãos e sistemas e foi o descobridor de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais. O trabalho está na lista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) sobre as tecnologias que vão mudar o mundo.

Reconhecido internacionalmente, Nicolelis está à frente do Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke, no estado norte-americano de Carolina do Norte, uma unidade de US$ 30 milhões.