Após cruzar o Oceano Atlântico e vencer as duas mil e cem milhas náuticas que separam Dakar de Salvador, a velejadora francesa Anne Marie Jaumande mostrava uma preocupação bem distante do mundo da vela e da viagem que acabara de completar. “Quais os melhores locais para se visitar aqui na Bahia? Onde podemos ir para conhecer melhor o som, o ritmo e as belezas da região?”, disparou a francesa, assim que colocou os pés no píer do Terminal Náutico da Bahia.

O ânimo mostrado por ela e o marido Gerard Jaumande, ao atracarem o barco na marina, tem explicação. “Durante a noite, quando estávamos a algumas milhas da costa brasileira, começamos a ouvir a música que vinha do continente, o som dos tambores e de outros instrumentos. Na mesma hora, o pensamento foi: que bom, deve haver alguma festa, agora, em Salvador. Já chegamos ao Brasil”, completou Gerard, comerciante aposentado.

Enquanto os outros três eventos internacionais que aportaram na cidade, no segundo semestre de 2007, tinham como objetivo gerar mídia para atrair turistas náuticos internacionais, o Rallye Iles du Soleil, traz exatamente o turista desejado.

No decorrer da semana, 35 veleiros, de oito nacionalidades diferentes, aportam na capital baiana em busca de alegria, aventura, lugares bonitos para visitar e muita música e animação. A bordo trazem, ao todo, pouco mais de 130 tripulantes que, na maioria das vezes, não pensa muito em economizar. “Não pensamos em um orçamento certo para este passeio. A idéia é gastarmos o que estamos acostumados a gastar na Europa e nos divertirmos o máximo possível”, diz o comerciante aposentado. A estimativa da organização do evento é de que, neste ano, o grupo deixe no comércio da cidade aproximadamente R$ 800 mil.

Enquanto Marie e o marido pensam em pacotes turísticos para conhecer o interior do estado e outras regiões do Brasil, como Rio de Janeiro, Pantanal e Amazônia, a programação da família Dumenil, que chegou a bordo do segundo veleiro da Iles du Soleil, está mais ligada à Baía de Todos os Santos. “Nós lemos muito sobre a Bahia durante a viagem. Sei que há muitas ilhas para se conhecer aqui. Quero passear um pouco com o barco por estas ilhas e ir a Morro de São Paulo”, diz o velejador e diretor Financeiro, Xavier Dumenil,39.

A aventura a bordo de um veleiro é apenas uma das etapas do ‘Período Sabático’ (licença remunerada que alguns executivos conseguem nas empresas em que trabalham) de um ano, conquistado pelo empresário. Acompanhado pela esposa, duas filhas e um cachorro da raça Boxer, Dumenil promete ainda viajar muito e conhecer o máximo possível da Bahia e do Brasil. “A viagem foi um pouco cansativa, mas agora, estou super animada para passear e conhecer os lugares”, disse Ágata, 14, uma das filhas do casal.

Os barcos e famílias que integram o Iles du Soleil permanecem em Salvador até o dia 5 de Fevereiro. Daqui seguem para Fernando de Noronha, Cabedelo (PB) e rio Amazonas. Ao final de quatro meses de passeios e viagens, deixam o país com destino ao Caribe. O evento acontece todos os anos e a cada edição é um pouco maior o número de participantes. Em 2005, por exemplo, a flotilha era composta por 22 veleiros. Hoje são 35.