A Secretaria de Cultura do Estado (Secult), via Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), recebe oficialmente amanhã (8), às 9h30, na Igreja de Santana (Ladeira de Santana, Nazaré), em Salvador, a imagem de São Benedito que foi destruída em dezembro passado por um fanático.
A estátua do santo, feita no século XVIII, será entregue pelo administrador da Paróquia de Santana, Padre Abel Pinheiro, ao diretor geral do Ipac, arquiteto Frederico Mendonça, que no evento anunciará também a recuperação total do altar-mor da Igreja. “A imagem será levada para restauração e o altar passará por diagnóstico técnico para dimensionarmos as obras da sua recuperação”, explica Mendonça.
O restauro da imagem e a recuperação do altar foi uma promessa do secretário Márcio Meirelles, que se comprometeu publicamente logo após o incidente, durante a inauguração de um dos altares da igreja, em 7 de dezembro último.
A imagem sacra de 300 anos de São Benedito com o Menino Jesus foi destruída pelo desempregado Marcos Vinícius Santos Catarino, 31, que é adepto da Igreja Universal do Reino de Deus. Ele foi preso logo depois do ato de vandalismo, mas liberado após prestar depoimento na 1ª CP (Barris) e quando a mãe dele apresentou receitas médicas de remédios antidepressivos. A escultura é atribuída ao santeiro Francisco das Chagas, conhecido como o Cabra, referência do barroco brasileiro.

Fundo de Cultura

A Igreja do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora Santana foi reaberta em julho do ano passado com apoio do Governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura. A Igreja, que estava interditada há mais de um ano e meio por risco de desabamento, ganhou a liberação de R$ 500 mil da Secult, do Fundo de Cultura.
A reforma incluiu a recuperação da cúpula e das esquadrias de vidro, a troca de telhas e de ripas de madeira, além de outros serviços. Os recursos destinados para a obra (R$ 500 mil) foram provenientes do Programa de Fomento à Cultura, através do Fundo de Cultura. Segundo o superintendente de Promoção Cultural da Secult, Paulo Henrique de Almeida, a restauração do telhado permitiu a estabilidade e conservação da Igreja de Santana, construída no século XVIII e tombada pelo Iphan. A Igreja esteve fechada desde outubro de 2005, quando parte do forro do coro desabou durante a celebração de uma missa. Segundo padre Abel, nenhum fiel ficou ferido, mas as atividades da Paróquia foram prejudicadas. Para realizar segunda etapa dos serviços, a Paróquia entrará com um projeto no Iphan a fim de obter mais R$ 300 mil.

História

Construída em 1760, a Igreja de Santana compõe o conjunto barroco da Bahia e foi a primeira do estado a ser erguida com material e tecnologia 100% brasileiros. O monumento deu abrigo aos revoltosos que lutaram contra a Coroa Portuguesa pela independência do Brasil. No seu cemitério estão enterrados os restos mortais da heroína da independência baiana, Maria Quitéria. A Igreja também serviu de moradia para Irmã Dulce, que era devota de Nossa Senhora de Santana e descobriu nesse período sua vocação para o catolicismo.