Para aumentar o nível de empregabilidade dos moradores do Condomínio Moradas da Lagoa, no subúrbio ferroviário de Salvador, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) fez um convênio no valor de R$ 625 mil com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Este ano, 785 pessoas vão fazer cursos de fabricação de móveis, costura, panificação, eletricidade e pintura, além de ter aulas sobre como se comportar num ambiente de trabalho.

Nesse módulo específico, a ênfase é na melhoria do perfil pessoal do profissional. “Às vezes, eles têm capacidade técnica, mas não sabem como proceder num ambiente de trabalho ou se relacionar com os colegas”, explica Rosemar Matos, instrutora do Senai. Nessa primeira etapa, entre os meses de janeiro e fevereiro, 150 moradores do condomínio, com idade entre 18 e 50 anos estão sendo capacitados, a maioria é formada por mulheres chefes de família.

Suzete Maria de Jesus viveu nas ruas de Salvador durante 30 anos, somente há cinco passou a morar em uma casa com os filhos, o sexto ainda na barriga. No parque empresarial da Lagoa, conseguiu um emprego na fábrica de móveis Tidelli, mas só manteve o trabalho por um ano porque teve dificuldades para se adequar às regras da convivência em sociedade, como ela mesmo explica: “Era difícil pra mim, não sabia me relacionar com meus colegas, com o chefe. Fui moradora de rua a maior parte da minha vida”.

Segundo Luciano Mandelli, diretor da fábrica, 70% de seus funcionários são pessoas do Conjunto Habitacional e de bairros vizinhos, sendo 1/3 de mão de obra local e 2/3 de pessoas das adjacências. “Os habitantes do Moradas da Lagoa têm problemas de adequação às regras de estruturas formais como obediência à hierarquia, normas de segurança de trabalho, além de deficiências graves em português e matemática. Com os cursos, vai haver mais oportunidades para eles”, opina Mandelli.

O programa social Moradas da Lagoa foi criado há cinco anos e considerado pioneiro na área de inclusão por oferecer moradia para 927 famílias em situação de risco social, oriundas das ruas, albergues e casas de passagem, ao lado de um parque industrial, hoje com 12 fábricas implantadas que, juntas, geram 1.200 empregos diretos. Uma das condições para a instalação das indústrias nos galpões construídos pelo governo é justamente o aproveitamento da mão de obra local.

Para saber o que motivava a baixa absorção, a Sedes realizou uma pesquisa com os moradores e empresários do condomínio. “Descobrimos que cerca de 800 pessoas não tinham qualificação para trabalhar e resolvemos fazer os cursos voltados para as principais carências e para atender às demandas das empresas”, afirma a superintendente de Inclusão Social e Segurança Alimentar da Sedes, Ana Torquato.